segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Perspectivas atuais da educação brasileira

Juraci Reis
Com o advento da globalização, muda completamente a forma de pensar a educação nesse novo milênio. Através da comunicação de massa que abanca toda a informação, com a tecnologia adentrando a escola através da sociedade da informação, é necessário então, que a escola repense sua prática. Visto que seu aluno se encontra mais com as novas tecnologias do que o ensino formal lhe oferecesse. E isso nem sempre quer dizer conhecimento, portanto a escola precisa tomar frente naquilo que lhe compete.
Talvez seja o maior “bum” da educação a revolução que o ensino a distância, através da Internet, vem perpetrando. Essa é de fato, uma grande novidade da nova era. No entanto, para que esta tecnologia faça parte da escola com real aprendizado é necessário uma reformulação dos métodos que permeiam o ambiente escolar. Ou seja, para que de fato haja uma aprendizagem verdadeiramente significativa com o uso da informatização, é preciso um novo olhar para esse contexto que sempre cultuou a memoria como metodologia de aprender.
Como nos esclarece Gadotti em Perspectivas atuais da Educação:
“é preciso mudar profundamente os métodos de ensino para reservar ao cérebro humano o que lhe é peculiar, a capacidade de pensar, em vez de desenvolver a memória. “

Nesse caso ele defende a escola como um lugar de ensinar a pensar criticamente, dando a esta função uma conotação cada vez mais crescente. Não tem como a escola ficar estagnada no tempo na contramão do que está ao seu redor. Ela precisa se apoderar do que é de sua competência. Assim, diante da falta de politicas públicas que consolide uma educação de qualidade, vemos de forma crescente o avanço do terceiro setor, conduzindo a educação a revelia para atender a sociedade do consumo.
Neste caso, a escola não pode permitir que outros cumpram o  papel que é seu de direito e figure a mercê desses. Ela deve ser o centro de qualquer forma de novidade, superando a visão prática de somente ofertar informação para obter um resultado para beneficiar poucos. Entretanto, não basta somente inovar é preciso promover uma transformação.
Dessa forma, na educação atual, a perspectiva é a oferta do ensino integral, mas não somente ampliação do tempo na escola, mas principalmente, como diz Gadotti (2000, p.8):
 “[...] significa orientar criticamente, sobretudo as crianças e jovens, na busca de uma informação que os faça crescer e não embrutecer.”

Afinal, continuando nosso pensamento com Gadotti:  
A sociedade do conhecimento possui múltiplas oportunidades de aprendizagem: parcerias entre o público e o privado (família, empresa, associações, etc.); avaliações permanentes; debate público; autonomia da escola; generalização da inovação.
As consequências para a escola e para a educação em geral são enormes: ensinar a pensar; saber comunicar- se; saber pesquisar; ter raciocínio lógico; fazer sínteses e elaborações teóricas; saber organizar o seu próprio trabalho; ter disciplina para o trabalho; ser independente e autônomo; saber articular o conhecimento com a prática; ser aprendiz autônomo e a distância.”

Precisamos utilizar tudo isso a favor de uma aprendizagem para todos. Assim sendo, são múltiplos os desafios da educação nesse milênio e da escola como um todo, bem como das comunidades em que ela se insere. A escola tem que conduzir-se, assim nos implica Gadotti:

"É dever dela ser cidadã e desenvolver na sociedade a capacidade de governar e controlar o desenvolvimento econômico e o mercado. A cidadania precisa controlar o Estado e o mercado, verdadeira alternativa ao capitalismo neoliberal e ao socialismo burocrático e autoritário". (Moacir Gadotti, p.9)

Na atualidade a educação terá que refazer-se, vestir-se de novo sem, contudo desfazer-se das boas experiências. Ela precisa dar abertura aos novos conhecimentos que são saberes que vieram para perpetuar, sem retorno. Então é necessário abrir espaço nessa nova escola para que o conhecimento se faça presente, assim, sem nenhuma conotação partidária, pois para educar não precisa ter lado, e nem tão pouco de crítica, nem que se opere sem refletir sobre a sua prática. É preciso participação ativa, de uma escola viva, dialógica e funcional.
Gadotti também relembra o que Jacques Delors (1988) coordenador do relatório para a UNESCO sobre Educação para o século XXI lega, quando ele mostra como principal consequência da sociedade do conhecimento valorar a aprendizagem para toda a vida e defini então, que a educação precisa se ater em quatro pilares a seguir: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Com relação a esses pilares o grande educador brasileiro Tião Rocha (2009) também faz alusões explicando o que nós precisamos para viver, dando as seguintes elucidações:

“Eu falo que nós vivemos, nós humanos, para cumprir quatro coisas: para ser educado, para ser livre, para ser feliz e para ter saúde. Você só precisa ter saúde, o resto precisa ser. Esse é o grande samba-enredo. O resto é alegoria e adereço”. Tião Rocha

É Gadotti ainda quem conclui:
“Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em consciência critica, mas também formam pessoas.”

Em suma, para que a educação seja verdadeiramente educativa, nesta atual perspectiva, há de se fortalecer a prevalência das relações sociais, aumentando por isso o diálogo entre os pares, permitindo a cooperação na superação dos conflitos e na instituição de poder.  Somente em busca da participação de todos de forma mais expressiva no cotidiano escolar, com comprometimento, é que teremos como consequência uma educação de qualidade, que é direito do cidadão.

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