Durkheim que se formou em Filosofia, mas dedicou grande parte de sua vida
a estudos sociológico, nega a dimensão histórica, e do homem como ser
histórico, com isso, nega até a possibilidade de mudança do contexto social em
que vivem os indivíduos, e também, a possibilidade de ação e transformação
desse meio social. Para esse filósofo a criança não nasce sabendo as normas que
regem a sociedade, mas sim se instrui com essa sociedade que deve educa-la,
fazendo que aprenda todas as regras necessárias a vida em sociedade. Com essas
regras sendo transmitidas de geração em geração, o grupo se eterniza, mesmo
após a morte de seus membros. Ou seja, o homem para Durkheim nasce ignorante
como um animal selvagem e torna-se homem quando é capaz de aprender os hábitos
e os costumes do grupo social gerando, portanto, para ele, possibilidade de convivência.
Assim, para o filósofo, os indivíduos são egoístas de natureza e ao serem educados adquirem
outra natureza, cujas estratégias o capacitam a viver em grupo, priorizando o
social em detrimento do pessoal. Ele considerou como “Consciência Coletiva” e
titulou-a de socialização, sendo que nela o individuo aprenderia a se organizar em grupo
e atender as necessidades individuais daqueles que dele participam.
Desse modo
Durkheim enfatiza que a educação aplica coerção ao individuo que se permite ser
coagido pela ação educativa, passando a integrar o sistema moldado. No entanto,
segundo Durkheim, a criança apesar de perder a sua historicidade por ficar a
serviço das atuações dos outros desde pequenas, sendo imposta e obrigada a
tudo, a educação é válida.
Como exemplo, podemos
citar a grade curricular, a distribuição de funções, e as normas que regem o
funcionamento dentro da escola, tais como horário de entrada e saída, bem como
o recreio e o tempo de cada aula, tudo isso e outros mais, expostos no
Regimento Interno.
Bourdieu discordava de Durkheim, pois, possuía uma visão histórica de
sociedade e da criatura humana e afirmava criticamente que a sociedade
capitalista se apropria de forma desigual dos meios de produção através de sua
estrutura de classes, cuja divisão social do trabalho é bem definida em duas
funções na educação sendo uma de reprodução cultural e outra, de reprodução das
estruturas de classes.
Portanto segundo Bourdieu, a classe dominante
influencia o sistema educacional alterando a reprodução das relações sociais, impondo
através da prática pedagógica, os pensamentos que vão moldar os hábitos
obrigando os indivíduos a agirem de acordo com as normas e valores da classe
dominante. A função da educação, por conseguinte é a de reproduzir a
desigualdade social a mando da classe dominante.
Como exemplo, citaremos a distribuição das
disciplinas e os conteúdos destas no currículo escolar que
acontecem não a partir daquilo que é interessante ao aluno no contexto em que
está inserido, mas daquelas que são possíveis segundo a classe que domina.
Já para Althusser, a
burguesia - quem detém o poder -, domina o âmbito escolar imputando a ela sua
ideologia. Dessa forma pode inculcar o que provier na cabeça de todas as
crianças, de qualquer classe, desde a mais tenra idade durante anos,
aproveitando da vulnerabilidade delas e do tempo em que estão pressionados
entre o Aparelho Ideológico de Estado familiar e o Aparelho Ideológico de
Estado escolar. Ou seja, aproveitando do tempo obrigatório de que dispõe, a
escola moldaria os saberes, os hábitos e as atitudes dos indivíduos tendo como
cúmplice a passividade dos professores que na grande maioria, sem sequer
desconfiar dessa hegemonia sobre eles, participa sem questionar o sistema,
acabando por manter o funcionamento dessa ideologia carcerária.
“A escola, na medida em que qualifica
os indivíduos para o trabalho, inculca-lhes uma certa ideologia que os faz
aceitar a sua condição de classe, sujeitando-os ao mesmo tempo ao esquema de
dominação vigente. Essa sujeição é, por sua vez, a condição sem a qual a
própria qualificação para o trabalho seria impossível. (FREITAG, 1980, p.34)
O
pensamento de Althusser combina com a perspectiva funcionalista de Durkeim, no
entanto enquanto este último se fundamenta na organização e na ordem, ele, Althusser
busca romper com ela, transformando-a. E com essa perspectiva assemelha também
a perspectiva de Bourdieu, com a diferença de que esse ressalta o capital
simbólico. Pierre Bourdieu na
sua teoria dos campos, ressalta que os envolvidos no grupo social batalham para obter um capital simbólico, e
conseguirem sempre mais que os outros. Assim, o individuo luta por aumentar o
seu capital social e diminuir o capital dos demais.
O
exemplo a este pensamento fica por conta dos diferentes comportamentos,
consequência da individualidade no grupo social, culminando por levar a escola
a promover uma segregação dentro de uma classe heterogênea, daqueles que não se
adaptam ao sistema, não considerando as diferenças, deixa de ofertar
oportunidade, na prática, de transformação.
ZEN, Eliezer Toretta - Para além das teorias reProdutivistas da
educação: uma abordagem sócio filosófica
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