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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A Educação nas concepções de Durkheim, Althusser e Bourdieu.

Juraci Reis

Durkheim que se formou em Filosofia, mas dedicou grande parte de sua vida a estudos sociológico, nega a dimensão histórica, e do homem como ser histórico, com isso, nega até a possibilidade de mudança do contexto social em que vivem os indivíduos, e também, a possibilidade de ação e transformação desse meio social. Para esse filósofo a criança não nasce sabendo as normas que regem a sociedade, mas sim se instrui com essa sociedade que deve educa-la, fazendo que aprenda todas as regras necessárias a vida em sociedade. Com essas regras sendo transmitidas de geração em geração, o grupo se eterniza, mesmo após a morte de seus membros. Ou seja, o homem para Durkheim nasce ignorante como um animal selvagem e torna-se homem quando é capaz de aprender os hábitos e os costumes do grupo social gerando, portanto, para ele, possibilidade de convivência.
Assim, para o filósofo, os indivíduos são egoístas de natureza e ao serem educados adquirem outra natureza, cujas estratégias o capacitam a viver em grupo, priorizando o social em detrimento do pessoal. Ele considerou como “Consciência Coletiva” e titulou-a de socialização, sendo que nela o individuo aprenderia a se organizar em grupo e atender as necessidades individuais daqueles que dele participam.
Desse modo Durkheim enfatiza que a educação aplica coerção ao individuo que se permite ser coagido pela ação educativa, passando a integrar o sistema moldado. No entanto, segundo Durkheim, a criança apesar de perder a sua historicidade por ficar a serviço das atuações dos outros desde pequenas, sendo imposta e obrigada a tudo, a educação é válida.

Como exemplo, podemos citar a grade curricular, a distribuição de funções, e as normas que regem o funcionamento dentro da escola, tais como horário de entrada e saída, bem como o recreio e o tempo de cada aula, tudo isso e outros mais, expostos no Regimento Interno.

Bourdieu discordava de Durkheim, pois, possuía uma visão histórica de sociedade e da criatura humana e afirmava criticamente que a sociedade capitalista se apropria de forma desigual dos meios de produção através de sua estrutura de classes, cuja divisão social do trabalho é bem definida em duas funções na educação sendo uma de reprodução cultural e outra, de reprodução das estruturas de classes.

Portanto segundo Bourdieu, a classe dominante influencia o sistema educacional alterando a reprodução das relações sociais, impondo através da prática pedagógica, os pensamentos que vão moldar os hábitos obrigando os indivíduos a agirem de acordo com as normas e valores da classe dominante. A função da educação, por conseguinte é a de reproduzir a desigualdade social a mando da classe dominante.

Como exemplo, citaremos a distribuição das disciplinas e os conteúdos destas no currículo escolar que acontecem não a partir daquilo que é interessante ao aluno no contexto em que está inserido, mas daquelas que são possíveis segundo a classe que domina.

Já para Althusser, a burguesia - quem detém o poder -, domina o âmbito escolar imputando a ela sua ideologia. Dessa forma pode inculcar o que provier na cabeça de todas as crianças, de qualquer classe, desde a mais tenra idade durante anos, aproveitando da vulnerabilidade delas e do tempo em que estão pressionados entre o Aparelho Ideológico de Estado familiar e o Aparelho Ideológico de Estado escolar. Ou seja, aproveitando do tempo obrigatório de que dispõe, a escola moldaria os saberes, os hábitos e as atitudes dos indivíduos tendo como cúmplice a passividade dos professores que na grande maioria, sem sequer desconfiar dessa hegemonia sobre eles, participa sem questionar o sistema, acabando por manter o funcionamento dessa ideologia carcerária.
“A escola, na medida em que qualifica os indivíduos para o trabalho, inculca-lhes uma certa ideologia que os faz aceitar a sua condição de classe, sujeitando-os ao mesmo tempo ao esquema de dominação vigente. Essa sujeição é, por sua vez, a condição sem a qual a própria qualificação para o trabalho seria impossível. (FREITAG, 1980, p.34)
O pensamento de Althusser combina com a perspectiva funcionalista de Durkeim, no entanto enquanto este último se fundamenta na organização e na ordem, ele, Althusser busca romper com ela, transformando-a. E com essa perspectiva assemelha também a perspectiva de Bourdieu, com a diferença de que esse ressalta o capital simbólico. Pierre Bourdieu na sua teoria dos campos, ressalta que os envolvidos no grupo social  batalham para obter um capital simbólico, e conseguirem sempre mais que os outros. Assim, o individuo luta por aumentar o seu capital social e diminuir o capital dos demais.
O exemplo a este pensamento fica por conta dos diferentes comportamentos, consequência da individualidade no grupo social, culminando por levar a escola a promover uma segregação dentro de uma classe heterogênea, daqueles que não se adaptam ao sistema, não considerando as diferenças, deixa de ofertar oportunidade, na prática, de transformação.


ZEN, Eliezer Toretta - Para além das teorias reProdutivistas da educação: uma abordagem sócio filosófica


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