quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Integração ou Inclusão?

A integração quando concebida, foi de grande avanço no atendimento a pessoa com deficiência, visto que até então, o que se propunha era a exclusão de toda ordem para aqueles considerados diferentes. Esta modalidade foi para as famílias que lutavam por uma vida melhor, uma enorme esperança de mais bem satisfazer todas as necessidades do filho com deficiência. Pois só de saberem aceitos nas escolas de ensino regular, já por si, dava uma conotação de pertencimento.
É Pereira (1980, p.3 ) quem a define:
“Integração é um processo. Integração é um fenômeno complexo que vai muito além de colocar ou manter excepcionais em classes regulares. É parte do atendimento que atinge todos os aspectos do processo educacional.”
Com a integração o indivíduo poderia se considerar integrante, pertencente, em uma educação sem estigmatização e sem segregação. Então, através de programas diversificados, aceitação da deficiência por todos os integrantes da comunidade escolar, além de políticas públicas para a construção de práticas sociais menos segregadoras, o individuo considerado na época, portador de deficiência estaria integrado na sociedade, a começar pelo espaço escolar. A visão de integração se assemelhava a de inclusão em muita coisa e até confundiam-se. Assim, o que antes era uma visão médica, ou seja, baseada no modelo clínico da deficiência, passaria a ter a visão educativa, com ênfase nas potencialidades e não mais na incapacidade; devendo ser emancipadora, mas com a busca de normalizar o deficiente. Porém, com foco nos índices de freqüência e não no aprendizado.
Por normalização entende-se, gerar acessibilidade às pessoas, em condições equivalentes àquelas que vivem de um modo geral na sociedade, tomando medidas com a finalidade de suprimir todo e qualquer tipo de rótulo que por ventura venha surgir. Logo, as crianças deveriam ser mudadas ou reabilitadas. Sendo, portanto, competência do aluno se preparar para integrar-se a escola.       
Em razão disso, o que tinha tudo para dar bons resultados, vem abaixo pelo simples fato de não ter sido colocado em prática o que estava no papel; ainda, ter deixado de fora um dos atores principais que deveria ser municiado de novas atitudes e competências para trabalhar com uma clientela tão especial. Ou seja, o profissional da educação, jamais poderia ser esquecido no processo. E o outro ator, ainda de maior relevância, o aluno, bem como a família, deveria ser respeitado na sua especificidade. Ao contrário disso, somente entrava na escola aqueles aptos para aprender, e se não tivesse pronto, deveria se esforçar para ficar, sob pena de não ser aceita.
Logo, a visão de Educação Inclusiva muda o foco de centralização, como anteriormente, quando a criança era vista como um problema e sua deficiência ressaltada, passando a ser um sistema de educação e ensino em que todos os alunos, são valorizados dentro da sua especificidade peculiar, que participam de todas as atividades, tanto na escola como na comunidade. Ou seja, a educação inclusiva trata o aluno como pessoa capaz de aprender, vê nele as possibilidades e não a deficiência; parte do pressuposto que todos têm, igualmente, a mesma oportunidade de acesso e permanência na escola, bem como o direito a aprender e participar da vida em sociedade, tendo ou não deficiência.
Inclusão, portanto, é inserir o sujeito de direitos, respeitando sua característica, com prática pedagógica capaz de educar a todos; que atenda sua necessidade educacional, em um ambiente propício ao aprendizado e nenhum tipo de discriminação, com foco na criança e com adequação física, metodológica e de currículo.
A inclusão vem opor-se o que antes figurava uma educação tradicional, denotando considerável diferença de conceber educação para todos. Na educação tradicional, o aluno deveria ser integrado a uma escola estática, isto é, eram eles os responsáveis por se adaptarem ao que já existia. Sendo, portanto avaliado da mesma forma, com os mesmos métodos, ou seja, escola e currículo não eram perturbados. Isto é, dependia do aluno a capacidade de adaptação às escolhas feitas pela instituição escolar, a sua integração. Aqui, quem não se emoldurasse era levado a classes especiais ou escola especial, sendo que muitos desistiam de estudar. Vale dizer também, que qualquer que fosse a diferença, o aluno era considerado aquele que não aprendia, necessitando de outro ambiente para estar.

Com a inclusão esse estereótipo desintegrar-se-ia dando lugar ao acolhimento de uma educação para todos, que se adéqua a cada indivíduo em particular. Pois, a educação inclusiva considera a deficiência como mais uma das características que deve ser levada em conta e respeitada em uma classe heterogênea. Nesse sistema de educação, todos se preparam para receber o aluno independente de sua característica, e ao recebê-lo, passa a se modificar a medida da necessidade dele, modificando também o ambiente e o currículo, com foco na aprendizagem. Não sendo esta, portanto, uma ocupação do aluno para com a escola e sim um aperfeiçoar de técnicas e atitudes da escola para o aluno e com exclusividade. Na educação inclusiva não existe separação de classe e a escola faz constante reflexão sobre a educação que é oferecida e os problemas enfrentados, buscando soluções coletivas para avançar no processo.

Fonte:
PEREIRA, Olivia et al. Princípio de normalização e integração na educação de excepcionais. In: Educação especial atuais desafios. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980

Deficiências: Ações Preventivas Urgentes


 Prevenir pressupõe o conhecimento das causas da deficiência ou situações de risco capazes de gerar mais crianças deficientes, e deve levar em conta a situação sócio-econômica e cultural da comunidade e priorizar a participação de todos.
Prevenção primária implica em alterar as condições para um subgrupo particular considerado como de risco.
Entre elas, podemos citar: 
  • Educação ambiental – voltada para o saneamento básico : água, lixo, esgoto;
  • Orientação sexual – realizada pela Educação, Saúde e Promoção Social; 
  • Aconselhamento genético – muito importante para mulheres de mais idade, casamento entre consanguinidade, gravidez precoce e outros;
  • Programas de imunização: Evitando doenças causadas por vírus: Rubéola, Citomegalovírus, Hepatite, Varicela e Sarampo;
  • Programas de saneamento básico: Evitando doenças causadas por bactérias: Sífilis e doenças causadas por protozoários: Toxoplasmose, Doença de Chagas e Malária;
  • Melhora no cuidado de saúde: pré-natal – evitando ou tratando doenças endócrinas: diabetes melito e disfunções da tireoide; 
  • prevenção contra doenças carenciais: desnutrição, medicamentos; fumo, álcool e drogas psicotrópicas; Influências do meio externo através de substâncias utilizadas em certas atividades humanas, raios X.

 Prevenção secundária: Aqui a criança já foi exposta a situações de risco e serão feitas intervenções para diminuir ou eliminar a permanência ou a gravidade em decorrência dela.A triagem neonatal (exames realizados em recém-nascidos) com exames clínicos e outros para oferecer diagnósticos preventivos e de medidas imediatas, como no caso das dietas específicas, e também a manipulação genética ou cirurgias intra-uterinas.
Peri-natal – Possíveis acontecimentos durante o parto: Anóxia neonatal; traumatismo obstétrico – traumas causados no parto por uso inadequado de fórceps; prematuridade - com baixo peso ao nascer apresenta um risco muitas vezes maior de desenvolverem problemas.
  
Prevenção terciária: aqui já se concretizou o atraso no desenvolvimento e precisa de investimentos para suavizar as condições, desenvolvendo ações que resultem em incluir uma maior independência e possibilitar a autonomia do indivíduo, permitindo que o sujeito tenha uma vida próxima do normal com programas específicos de educação e reabilitação.

Pós-natal - atuam após o nascimento.

Incluem causas: microbianas, desnutrição, carências, intoxicações, fatores ambientais, familiares e condições sócio-econômicas, prematuridade - com baixo peso ao nascer-, traumatismo crânio-encefálico - acidentes de trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia e quedas em geral, levando a um quadro de deficiência intelectual; fatores nutricionais- a desnutrição, a desidratação grave, a carência de estimulação; fatores químicos - fatores tóxicos que causam lesão cerebral como intoxicações por chumbo e mercúrio, medicamentos, inseticidas e outros produtos químicos; privações sensoriais, familiares e sociais.

sábado, 12 de setembro de 2015

Prática pedagógica e gravidez na adolescência

Juraci Reis
Em 25 anos de magistério, tenho visto muitos projetos ligados a Doenças Sexualmente transmissíveis e, todo ano aumenta-se a incidência de gravidez na adolescência, entre alunas de 13 a 17 anos ou até mais cedo. Alguma coisa não caminha bem entre o que se espera da escola e da família, com o que os alunos apreendem!
Sabemos da importância de um trabalho pedagógico verdadeiramente eficaz, que seja pertinente a situação local, que abranja toda clientela escolar sem exceção. Porém vemos projetos terminarem em festividade, do que, o que mais importa é o dia da culminância e não o processo, o aprendizado. Que se resume muitas vezes em cartazes presos nas paredes ou em murais, e passado o dia festivo, ainda fica por mais alguns até serem rasgados pelos próprios alunos e retirados e jogados no lixo, sem nenhuma importância mais.
Diante dos fatos iminentes, cada vez mais as noticias informam o avanço das doenças ocupando espaços mais jovens a todo tempo. É preciso um acordar por parte das instituições, poder público, família e escola, para uma realidade catastrófica e preocupante. A disseminação dos problemas ligados a prática do sexo desprotegido tem acarretado sérios danos à sociedade, que se vê frente a frente com a sua desabilidade em reverter a situação. Dessa forma, muito importante é a promoção de parceria entre os diferentes órgãos públicos, já que virou questão de saúde pública.
Assim, essencial que Educação, Saúde, Ação Social, Ministério Público, CMDCA e outros, caminhem juntos com a escola e a família nesse processo, visto ser de interesse comum que encontrem soluções para tamanha problemática envolvendo nossos jovens. Para colaborar com o professor na sala de aula esses organismos podem influenciar nas medidas socioeducativas, capazes de adentrar nos conceitos culturais com muito mais habilidades, ante uma sociedade ainda vestida de preconceitos, puritanismos e hipocrisia.
Apesar do pluralismo, o cerne da questão deve ser o foco principal, porquanto, há que atacar as causas, evitando assim maiores consequências provocadas por atos de inconsequente afirmação. Nesta feita, assevero que o professor sozinho, não dá conta do tanto de responsabilidade e compromisso que essa temática comporta. Entretanto, é também de responsabilidade deste, fazer com que aconteça aprendizagem do tema em demanda e, desta forma contribuir positivamente, na Rede que deve se formar para o alcance do sucesso. 

Dessa forma, deve-se priorizar o sujeito de direitos, romper com o currículo estático e sem funcionalidade, para desempenhar um papel mais expressivo do qual o aluno seja sujeito de sua história, entendido como ser humano, com suas individualidades e saberes que embora diferentes, devem ser valorizados. Com práticas pedagógicas, portanto, baseadas na autonomia dos alunos e na participação de toda a comunidade, envolvendo seu contexto e o do entorno da escola nesse currículo, debatendo com essa comunidade o que de melhor atende seus anseios e necessidade, até mesmo na formação do professor que nem sempre conseguem esse envolvimento; de forma que o coletivo, em que todos participem num processo democrático e includente rompa com essa escola autoritária e preconceituosa que foi instituída, que nada de têm de sentido para a vida da sociedade que pretende mudanças.

Droga e adolescência: que papel a escola tem?

 Juraci Reis
Muitos jovens para dizimar suas frustrações, buscam para seus conflitos, seja de ordem familiar ou íntima, caminhos nem sempre adequados à solução deles. Na maioria das vezes são levados a experiências danosas, no caso do consumo de álcool, ao invés de recursos saudáveis. Também tomam atitudes cambiadas para o uso tanto de bebida, quanto de cigarro devido a necessidade de sentirem-se aceitos pelos seus pares e pertencente no grupo e, mais ainda equivaler aos adultos nos hábitos e costumes. No mundo inteiro, as famílias passam por essa problemática, sem distinção de cor, raça ou condição social. As pessoas se utilizam das drogas como sendo um amuleto, que o guarda longe daquilo que o consomem os ânimos. Porém, essa viagem sem sair do lugar, é o maior dos enganos da sociedade que se diz civilizada, na contemporaneidade.
Cada vez mais cedo, os jovens adentram pela condição de adictos, sendo levados a essa situação de dependência, seja por sentirem-se incapazes de lutar contra seus sentimentos de impotência, frente as problemáticas trazidas durante a transição para a fase adulta, seja pela necessidade de sentirem-se parte. Os adolescentes sentindo-se por sua vez, desprotegidos diante das transformações corpóreas, as quais não conseguem lidar; nem sequer observam as orientações e compreensões devidas; mais até a avalanche de cobranças sociais surgindo, uma seguida da outra, sentindo-se desamparados, culpam os adultos pelo que dizem, os perseguem. Nesse embate, em que numa família nuclear, os pais não conseguem falar a mesma linguagem dos filhos e esses tão pouco, denotando choque de gerações, em desequilíbrio, utilizam de meios para fugir do que não sentem capazes de contornar. Assim, agem na droga como se fosse o anestésico para suas dores. E na busca pelo prazer, viajam nesse movimento, amparado por pessoas que comungam com o mesmo pensamento, além do convite constante ao estímulo, através do espaço midiático, nas redes sociais e de comunicação; aumentando a sedução, cruel do mesmo modo, com aqueles inescrupulosos que os desejam aliciarem por vantagens econômicas, adentrando mais na realidade de cada um.
Porém, na vida, como nem tudo que dá prazer, é duradouro e consequente, o usuário passa cada vez mais a depender das substâncias psicoativas, as quais levam a causa de graves danos à saúde física e mental, familiar e social. Dessa forma, o indivíduo que depende do uso de drogas, também e mais ainda, passa a depender da patota que o acompanha nessa empreitada alucinógena, do traficante, da ação social, das clínicas e dos profissionais ligados, dos pais e da solidariedade e compreensão alheia, deixando de lado sua identidade pessoal para dar lugar a coletiva, contudo estando só.
À medida do consumo dessas substâncias químicas na estrutura corpórea, o jovem, na intenção de se livrar de algum tipo de sofrimento, angaria para si um manancial de outros muito piores. Pois são essas, que no início produzem sensação de prazer, que leva ao começo também da destruição.  O sujeito que já não suporta mais determinados sentimentos que o consome, sente-se impulsionado a seguir por esse rumo, ao próprio aniquilamento.
Com o uso das substâncias que normalmente são as primeiras a serem experimentadas pelo jovem, no caso o álcool e a nicotina, abre-se uma porta para outras mais pesadas e quase sem volta na vida desse sujeito. E se a nicotina produz tantos efeitos a quem consome direta e indiretamente; e se o álcool traz o tormento com a perda da sensibilidade motora e reflexa, da competência de dar conta de si, sem falar do desconforto orgânico, acarretando diversos sintomas patológicos, além de conduzir o indivíduo e sua família a degradação; que dirá as de ordem ilícitas que corroem toda uma sociedade.
O educador mediante uma temática, tão carregada de dissoluções, tem papel relevante a desempenhar nesse cenário e, também, a escola, responsabilidade em incentivar a presença da família como elemento essencial a prática pedagógica. Ambos na luta contra  esse câncer da humanidade, que destrói vidas e aleijam famílias. A escola, portanto, tem em sua função, creio, seja desenvolver/promover cidadania, de fato e não meramente tornar cidadãos de papel. Portanto, inserir na História o sujeito, respeitar a sua história de vida, produzir saberes compromissados; pessoas conscientes de direitos e deveres atentas a novas formas de ler e reler o mundo, sob variadas óticas, sem se excluírem do contexto histórico; e, sobretudo, com a capacidade crítica da realidade de seu entorno, da participação sua e do outro no mundo, bem como da transformação de si como sujeito histórico. Se a escola der conta disso, terá cumprido seu papel no enfrentamento de tamanha desordem social.


sábado, 20 de junho de 2015

Sexo seguro: o que o jovem sabe sobre isso?

Juraci Reis 

Na impotência de responder esta questão sozinha, fui a caça de subsídios com quem vivencia atualmente esta fase. Assim embrenhei em pesquisar junto aos jovens, para descobrir por quais motivos os levam a prática do sexo sem proteção, para confirmar ou negar as hipóteses em questão. De fato eles falaram que garota que deixa logo de cara são peguetes e, essas não são para casar. Então, afirma o fato de que para os meninos existem mulheres para casar e outras para transar. Coisa que para as meninas não passa pela cabeça, pois não dissociam um homem para o sexo e outro para o casamento. Para elas, também tem que existir sentimento antes de ir para a cama, ao passo que para o menino basta ter o órgão genital.
Deu para perceber também o machismo bem forte, claro que muito maior nos meninos, mas também nas meninas, ao referirem-se como o sexo com mais parceiros, permissivo aos meninos e não as meninas. Perguntado por que pensam assim, responderam que sempre foi assim, e que a mulher que sai com muitos homens é galinha.
– Mas, e o homem não? Não – disseram –  o homem é macho.
Senti uma cultura ainda muito enraizada de que o mundo é masculino de fato e, as mulheres tem que submeter a sua vontade e prazer. Pois nem as mulheres defendem o fato de ambos se respeitarem.
Questionados sobre o sexo seguro, as meninas foram mais enfáticas em dizer que não concordariam em manter relacionamento sexual sem proteção. Os meninos titubearam, mas disseram que usam, porém às vezes não dá tempo.
Mas se os meninos usam preservativo, porque há esse aumento na quantidade de  adolescentes grávidas? As meninas responderam que “quem se deixa engravidar é muito boba e inocente, perde a liberdade enquanto o carinha fica por aí dando em  cima de outras”.
Os meninos tiveram diferentes falas: uns disseram que os caras são uns babacas, outros falaram que as meninas que tem que se cuidar pra não engravidar, alguns se abstiveram de opinar, só riram.
Falei das doenças questionando-os sobre o fato de que se eles achavam que preservativo era só para evitar gravidez? E aqueles que acham que esse papel é da mulher, como fica na situação de risco e vulnerabilidade? Ficaram meio aturdidos e responderam mais baseados em conhecimento prévios do que, necessariamente pela prática verdadeiramente segura. Ou seja, fica também comprovado “O sentimento de autossuficiência” entre os meninos, levando-os a situação de riscos graves.
Quero reiterar o fato de que essa prática não provém somente dos jovens, visto que é uma prática antiga que vem sendo passada de geração a geração, em que homens vem expostamente, na História da humanidade, demonstrado seu poder sobre a mulher, alijando-as de direitos e empreitando deveres que dizem ser só delas. 


terça-feira, 24 de março de 2015

AD1 Adolescência e Juventude

1 – Qual o sentido da infância para a adolescência?

A infância é uma fase que antecedeu e ficou para trás, porém, nas fases da vida humana, sendo de cunho muito importante considerar a ambiguidade com que sente e vivencia, na intermediação entre infância e fase adulta. Para a adolescência a infância é o referencial, o sustentáculo na entrada com deferência a fase adulta. É ela que irá fornecer uma base de sustentação para enfrentar o período de transição em um adolescer cheio de vigor, de dúvidas e conflitos para uma vida adulta equilibrada ou não, dependendo da maneira como esta transição se der. Pois, dependerá muito da forma como a infância foi conduzida e cuidada, se com afeto e atenção pelo adulto próximo, cria mais autonomia e se desprende da infância com segurança.
Assim, “é importante atravessar de forma satisfatória as etapas da vida infantil para ser possível gerenciar as ocorrências da adolescência no preparo para a vida adulta” (FARIAS, p.30)


2 – Qual a importância da entrada na escola para a criança?

 A escola é um espaço primordial no processo de desenvolvimento da criança e ao mesmo tempo muito delicado, principalmente pela separação da figura materna.
A entrada na escola transforma todo um contexto já vivido até então, para outro diferente, que vem trazer ainda mais autonomia, pela condução pareada de novas regras e exploração de novos ambientes. A criança que antes tinha nas brincadeiras e brinquedos seu suporte de aprendizagem, passa a incorporar novos deveres com outros tipos de tarefas, com a introdução do conhecimento científico.
São momentos difíceis, visto ser, mesmo que provisório, uma separação dolorosa. Porém, com a manutenção da confiança, gerenciada pela figura materna, consegue suplantar essa fase e adquire melhor desenvoltura e, ao mesmo tempo, cria mais independência quando se depara com outras possibilidades de troca de saberes. Tudo nessa fase se modifica, a criança passa a ter novas experiências com grupos diferentes, passa a ter contato com outras manifestações culturais que não o da própria família, aumenta o seu repertório de conhecimento.
Todo esse processo de conquistas irá auxiliar no momento do ingresso na adolescência, influindo na tomada de decisões, no poder de iniciativa e na capacidade de resiliência e alteridade. A convivência com outros grupos sociais implica em aquisições favoráveis à formação da personalidade e do caráter, sendo a intervenção da escola fundamental para a construção desse processo de maneira saudável, comedida e positiva. 

3 – Podemos considerar a maioridade como adolescência?

Antes da Constituição de 88 a maioridade era aos 21 anos, após a Constituição veio as mudanças na regra, reduzindo para 18 anos, culminando com a etapa final da adolescência. A maioridade penal traz à tona na sociedade, principalmente quando há divulgação de infrações e violências praticadas por menores, discussões acirradas, em torno do tema polêmico, que atualmente vem-se a debate com projetos de lei para reduzir para os dezesseis anos a maioridade, mudando completamente as regras que protegem o menor.
É sabido que aos dezesseis anos, o jovem está em pleno conflito na transição da infância para a fase adulta. Considerando um adolescente nesta faixa etária como sendo maior, sujeito a todas as penalidades na forma da lei, como qualquer adulto, é também considera-lo como um adulto. Quem conhece e convive com adolescentes, percebe a distância que há entre o pensamento de um menino ou menina nessa idade para uma vida adulta que querem imputá-los. Isso seria voltar a Idade Média, período em que crianças eram tratadas a revelia e abandonadas a própria sorte, sem nenhum direito de ser criança.
Claro que deve ser imputadas aos jovens, responsabilidades pelos seus atos, porém, além disso, precisam receber ensinamentos capazes de conduzi-los por caminhos saudáveis, educadores e seguros, com direitos de fato iguais a todas as classes, raças e etnias.  A história no mundo nos mostra as diferenças de tratamento e condução do adolescer em tempos e espaços distintos. Diante de diversas realidades, fica mais que provado, que reduzir a idade penal não dá garantia de mais segurança, punidade e saúde social. Dessa forma, maioridade e adolescência, considero, são palavras antagônicas, sendo essa fase da vida humana, singular e importante na transição, para um adulto próspero e, sobretudo ético.

4 – Quais as principais características da puberdade?

Os jovens sofrem enormes conflitos por não serem mais crianças e nem adultos, ou seja, são grandes e velhos para determinada coisa e considerados novos para outras. Isso acarreta distúrbios, demonstrados no comportamento, por vezes, traduzido na agressividade, angústias e muita insegurança, exatamente por não saberem o que vai acontecer, com tanto desconforto trazido pelas experiências novas. Também demonstram medo da responsabilidade e podem até fazer quadro de depressão por conta disso. Tudo isso associado a um turbilhão de modificações corporal trazendo ainda mais instabilidade a quem a inquietação já deixou tão fragilizado.
Nos meninos, por exemplo, aparecem os pelos pelo corpo inclusive a barba; aumento dos testículos e pênis; o crescimento das cordas vocais com engrossamento da voz; surgem os hormônios sexuais e com eles a primeira ejaculação. Já nas meninas seguem também as muitas mudanças e mais rápidas que os meninos. Há toda uma modificação no corpo, deixando para trás a forma de menina para dar lugar às formas de mulher com a definição da silhueta, do desenvolvimento dos seios e quadris, do surgimento dos hormônios sexuais e início do ciclo menstrual; também aparecem as secreções vaginais e junto o aparecimento dos pelos pubianos e axilares.
Essa transformação rápida no corpo masculino e feminino trás muito desconforto, principalmente quando aparecem as temidas espinhas, trazendo junto uma preocupação exagerada com o corpo e com ela uma crescente insegurança do como é visto pelos colegas. Na prática, buscam nesse sentimento, tecer comparações entre seus corpos, passando a se perceberem estranhos e até envergonhados.
A forma como lidam com a ansiedade vai depender dos estímulos recebidos pelo ambiente, que por sua vez, vai interferir significativamente no desenvolvimento de suas habilidades e competências.


5 – Podemos entender a adolescência como um momento de transição?

Essa é uma fase de transição entre a infância e a fase adulta, da qual ambos os gêneros passam por grandes dificuldades, necessitando de apoio, atenção e muito afeto para suplantar tantos desafios.

Nesta fase o adolescente se sente inadaptado ao meio social no qual se movimenta, sofre por não ser mais criança, por viver o luto do corpo infantil; mas também não tem habilidade estruturada e organizada para se mover com os jogos sociais dos adultos, portanto é um período intermediário entre duas fases extremamente importantes da vida: a dependência do período infantil e a responsabilidade da vida adulta.       (Machado, 2010)

Assim, enfrentam situações novas, cheias de conflitos, os quais necessitarão da presença dos pais e professores para o enfrentamento de um mundo, pra ele hostil, cuja transição de forma a vencer os obstáculos para novas experiências, dependerá do quão compreensivo serão as pessoas ao seu redor. Com muito diálogo, compreensão, respeito e acima de tudo muito amor, essa fase transitória passa, de forma saudável e natural, sem quaisquer sequelas, ficando somente as experiências vividas, como lembranças de um tempo que passou.


Fonte:

FARIAS, Francisco Ramos de. Adolescência e Juventude. V.1/Francisco Ramos de Farias. Rio de Janeiro:Fundação CECIERJ, 2013. 308 p.


MACHADO, Iara da Siva. Adolescência: fase de transição e conflitos. 2010. Disponível em: <http://neuropsicopedagogiaemfoco.blogspot.com.br/2010/05/adolescencia-fase-de-transicao-e.html>.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Reflexão sobre as Classes Hospitalares e o papel do Pedagogo Hospitalar

Segundo RAMOS, baseada em Gohn, a Classe Hospitalar comparada a classe comum das escolas regulares, somente se diferencia pela especificidade do espaço destinado ao seu funcionamento e pela certificação, pois no âmbito hospitalar os alunos não recebem certificados, ficando este a cargo da escola de origem do aluno/paciente. Ambas as classes recebem educação formal com organização metodológica, curricular, sequencial, funcionamento de acordo com a rede, regulamentação em leis, ambiente próprio, necessidade disciplinar, tempo rígido e ensino sistematizado. O que não ocorre na educação não formal, cuja metodologia surge de uma problemática da vida ou emergentes situações que trazem à tona desafios depreendendo ações próprias em tempo flexível.

As duas classes, ou melhor, tanto da escola regular quanto da hospitalar, carecem de organização conforme as diretrizes nacionais, sendo assim, a Classe Hospitalar também precisa de professores certificados e concursados, pedagogos preparados para o tipo de atendimento que exigirá deles uma dose extra de afeto e reconhecimento do outro como ser único, que aprende de maneira diferenciada, e que além disso, prevê atenção especial ao seu quadro deficitário física/emocionalmente. Já na educação não formal, o ensino é ministrado fora da escola, em locais informais, por pessoas das quais interagem entre si, porém sem organização sistematizada e rígida, embora intencional. Ou seja, enquanto a educação formal se ocupa de aulas em locais propícios, o ambiente onde se dá a educação não formal é aquele onde o grupo de convivência se encontra, atendendo a necessidade específica dele. Enquanto na classe regular e hospitalar os alunos são diferenciados por séries e recebem ensino sistematizado relacionados ao nível de aprendizado em que se encontram, a educação não formal “atua sobre aspectos subjetivos do grupo; trabalha e forma a cultura política de um grupo” e capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no mundo”.
O papel do Pedagogo Hospitalar para Ramos(2007) é fundamentalmente “escutar seu aluno, garantir sua aprendizagem, levá-lo às experiências enriquecedoras”. Escutar seu aluno, uma ação importante para o desempenho de um bom trabalho e a garantia de um aprendizado expressivo, capaz de promover mudanças. Também é papel do Pedagogo Hospitalar planejar, organizar e coordenar cursos de capacitação aos funcionários do hospital promovendo sua capacitação em serviço.