Juraci Reis
Descentralizar o ensino ocorre através da
democratização e autonomia, com pessoas que participam e se envolvam no
processo de ensino, somando a partir de sua área de atuação. Desta forma, a
presença dos pais na escola e a formação de uma gestão colegiada, com a
representação dos variados segmentos da comunidade, tornam-se indispensável.
Além do mais, a participação
comunitária prevista nos artigos 13, 14 e 53 da LDBEN na construção do Projeto
Político Pedagógico, ocorre por exceções, pois ainda há o pensamento dominante
de que os pais no ambiente escolar representam um problema para os dirigentes e
professores. Os avanços tecnológicos e a globalização transformam o cenário
mundial, com mudanças paradigmáticas e mudanças no ambiente social. A Escola,
com as novas tendências sociais, econômicas e tecnológicas, precisa ter um
perfil com função socioeducativa, construindo conhecimentos, atitudes e valores
que tornem o estudante solidário, crítico, ético e participativo e abrindo os
espaços para presença e participação da sociedade.
Ao mesmo tempo, a sociedade da
informação molda um novo perfil de sistema de ensino, descentralizado,
consciente da rapidez com que o conhecimento vem sendo produzido, com Unidades
Escolares devendo atuar no coletivo, com autonomia, em parceria com a
sociedade, numa visão democrática de gestão; ligando, portanto, o
conhecimento/interação deste com a comunidade na qual a Unidade Escolar está
inserida.
Da mesma forma, podemos dizer que a democratização da educação passa pela democratização do
conhecimento produzido e isso só será possível através da construção de um novo
tipo de relação, o qual se busca a transformação da sociedade e da escola por
meio da participação de todos.
Neste contexto então, a escola
pública, em todos os níveis e modalidades da Educação Básica (Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), tem como função social formar
cidadão, isto é, construir conhecimentos, atitudes e valores que tornem o
estudante solidário, crítico, ético e participativo.
Sobretudo, uma escola que
contribua significativamente para a democratização participativa exige um
gerenciamento compartilhado. Assim sendo, a forma de escolha do gestor, a
organização dos Conselhos Escolares e de toda Comunidade Escolar para
participar e fazer valer seus direitos e deveres, democraticamente discutidos e
definidos, é fundamento básico para cumprir sua função social, contribuindo,
portanto efetivamente para afirmar os interesses coletivos e construir um país
mais justo.
Segundo Christiane Soní (2011, p. 13)
“Lück (2006) aborda algumas formas de participação: a participação como
presença que ocorre por meio da obrigatoriedade, por eventualidade ou por
necessidade e por intencionalidade; a participação como expressão verbal e
discussão, permite a verbalização sem promover um processo coletivo de
entendimento sobre as questões discutidas; a participação como representação
política, consiste em delegar a um representante o poder para agir em seu nome
ausentando-se assim da responsabilidade; participação como tomada de decisão,
caracteriza-se pelos os momentos em que em conjunto são adotadas decisões a
respeito da condução de questões eventuais ou rotineiras, porem limita-se na
maioria das vezes a questões operacionais; participação por engajamento
representa a mais plena forma de participação, envolve estar presente,
interagir, auxiliar na tomada de decisões e envolver-se com comprometimento nas
ações imprescindíveis e adequadas para a concretização das decisões tomadas.”
De maneira
bastante sintética, podemos dizer que a
sociedade da informação molda um novo perfil de administração escolar, surgindo
a representação de Gestor consciente da rapidez com que o conhecimento vem
sendo produzido, com proposta de atuação no coletivo, em parceria com a
sociedade e numa visão democrática de gestão; ligando, portanto, o
conhecimento/interação deste com a comunidade na qual a Unidade Escolar está
inserida.
Desse modo, a democratização
da educação passa pela democratização do conhecimento produzido e isso só será
possível através da construção de um novo tipo de gestão onde se busca a
transformação da sociedade e da escola por meio da participação de todos.
Assim, aplicar a nova prática gestora,
fundamentada na democracia e na participação coletiva não é tarefa fácil, pois
se trata de romper conceitos ultrapassados e práticas arraigadas no contexto
educacional. Porém não devemos ver a gestão democrática como uma prática
utópica, pelo contrário, pois este modelo de gestão é que permitirá verdadeiras
transformações sociais, onde igualdade, solidariedade e justiça seja uma
realidade para todos os indivíduos.
Para minimizar a visão
reducionista, o gestor pode propor ações efetivas no campo da participação
ativa de todos os atores no âmbito escolar que garanta a democracia e corrobore
na construção da cidadania, tão banalizada na atualidade, pois vem retirando do
cidadão a consciência de sujeito de direitos e de deveres. Portanto, é
necessário que os gestores fixem a ideia de que atrelado ao processo gestor não
pode faltar ações que produza desenvolvimento da cidadania, valorizando a
participação e incentivando responsabilidades.
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