sábado, 12 de setembro de 2015

Droga e adolescência: que papel a escola tem?

 Juraci Reis
Muitos jovens para dizimar suas frustrações, buscam para seus conflitos, seja de ordem familiar ou íntima, caminhos nem sempre adequados à solução deles. Na maioria das vezes são levados a experiências danosas, no caso do consumo de álcool, ao invés de recursos saudáveis. Também tomam atitudes cambiadas para o uso tanto de bebida, quanto de cigarro devido a necessidade de sentirem-se aceitos pelos seus pares e pertencente no grupo e, mais ainda equivaler aos adultos nos hábitos e costumes. No mundo inteiro, as famílias passam por essa problemática, sem distinção de cor, raça ou condição social. As pessoas se utilizam das drogas como sendo um amuleto, que o guarda longe daquilo que o consomem os ânimos. Porém, essa viagem sem sair do lugar, é o maior dos enganos da sociedade que se diz civilizada, na contemporaneidade.
Cada vez mais cedo, os jovens adentram pela condição de adictos, sendo levados a essa situação de dependência, seja por sentirem-se incapazes de lutar contra seus sentimentos de impotência, frente as problemáticas trazidas durante a transição para a fase adulta, seja pela necessidade de sentirem-se parte. Os adolescentes sentindo-se por sua vez, desprotegidos diante das transformações corpóreas, as quais não conseguem lidar; nem sequer observam as orientações e compreensões devidas; mais até a avalanche de cobranças sociais surgindo, uma seguida da outra, sentindo-se desamparados, culpam os adultos pelo que dizem, os perseguem. Nesse embate, em que numa família nuclear, os pais não conseguem falar a mesma linguagem dos filhos e esses tão pouco, denotando choque de gerações, em desequilíbrio, utilizam de meios para fugir do que não sentem capazes de contornar. Assim, agem na droga como se fosse o anestésico para suas dores. E na busca pelo prazer, viajam nesse movimento, amparado por pessoas que comungam com o mesmo pensamento, além do convite constante ao estímulo, através do espaço midiático, nas redes sociais e de comunicação; aumentando a sedução, cruel do mesmo modo, com aqueles inescrupulosos que os desejam aliciarem por vantagens econômicas, adentrando mais na realidade de cada um.
Porém, na vida, como nem tudo que dá prazer, é duradouro e consequente, o usuário passa cada vez mais a depender das substâncias psicoativas, as quais levam a causa de graves danos à saúde física e mental, familiar e social. Dessa forma, o indivíduo que depende do uso de drogas, também e mais ainda, passa a depender da patota que o acompanha nessa empreitada alucinógena, do traficante, da ação social, das clínicas e dos profissionais ligados, dos pais e da solidariedade e compreensão alheia, deixando de lado sua identidade pessoal para dar lugar a coletiva, contudo estando só.
À medida do consumo dessas substâncias químicas na estrutura corpórea, o jovem, na intenção de se livrar de algum tipo de sofrimento, angaria para si um manancial de outros muito piores. Pois são essas, que no início produzem sensação de prazer, que leva ao começo também da destruição.  O sujeito que já não suporta mais determinados sentimentos que o consome, sente-se impulsionado a seguir por esse rumo, ao próprio aniquilamento.
Com o uso das substâncias que normalmente são as primeiras a serem experimentadas pelo jovem, no caso o álcool e a nicotina, abre-se uma porta para outras mais pesadas e quase sem volta na vida desse sujeito. E se a nicotina produz tantos efeitos a quem consome direta e indiretamente; e se o álcool traz o tormento com a perda da sensibilidade motora e reflexa, da competência de dar conta de si, sem falar do desconforto orgânico, acarretando diversos sintomas patológicos, além de conduzir o indivíduo e sua família a degradação; que dirá as de ordem ilícitas que corroem toda uma sociedade.
O educador mediante uma temática, tão carregada de dissoluções, tem papel relevante a desempenhar nesse cenário e, também, a escola, responsabilidade em incentivar a presença da família como elemento essencial a prática pedagógica. Ambos na luta contra  esse câncer da humanidade, que destrói vidas e aleijam famílias. A escola, portanto, tem em sua função, creio, seja desenvolver/promover cidadania, de fato e não meramente tornar cidadãos de papel. Portanto, inserir na História o sujeito, respeitar a sua história de vida, produzir saberes compromissados; pessoas conscientes de direitos e deveres atentas a novas formas de ler e reler o mundo, sob variadas óticas, sem se excluírem do contexto histórico; e, sobretudo, com a capacidade crítica da realidade de seu entorno, da participação sua e do outro no mundo, bem como da transformação de si como sujeito histórico. Se a escola der conta disso, terá cumprido seu papel no enfrentamento de tamanha desordem social.


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