Quando uma escola recebe uma criança diferente pela primeira vez, ainda
hoje, assusta o fato dessa convivência. A escola deve ser acolhedora, portanto
precisa proporcionar um mobiliário mais adequado e acesso ao currículo, à sala
de aula e todas as dependências. A cooperação é a primeira estratégia para
viver e conviver junto. Sendo assim, as pessoas com deficiência não podem ser
vistas como se nada tivesse de diferente, entendendo serem características que
precisam se consideradas, no entanto, isso não quer dizer que devam ser
abandonadas, ou superprotegidas.
A primeira iniciativa deve contemplar a informação sobre essa clientela.
Que aluno é esse e quem é essa família especial que passaremos a conviver?
Deve-se então, realizar entrevistas para conhecer a história do aluno e da
família e quais são as expectativas desses pais. A partir daí, a escola
apresenta o que de especificidade pode oferecer ao novo integrante. Sendo que o
envolvimento dos pais no processo de inclusão, mantendo um diálogo permanente,
bem como a garantia da participação tanto da família como da comunidade, são
ações primordiais. Isto é, escola e família têm cada um, seu papel fundamental na
inclusão.
As pessoas com deficiência, bem como sua família, ainda são vistas com
olhos da invisibilidade, a esta colocação cito a Coordenadora da Rede Saci,
Marta Gil, quando afirma:
Basicamente, essa
“invisibilidade” é o resultado de um círculo vicioso: não vemos pessoas com
deficiência nas ruas porque a maioria dos ambientes não é acessível e a maioria
dos ambientes não é acessível porque quase não vemos pessoas com deficiência
nas ruas. (Gil, 2005)
Com essa fala, precisamos refletir sobre a nossa postura e nossas ações
perante o quadro de exclusão que vive, ainda em pleno século XXI, as pessoas
que tem necessidades especiais, no convívio social. E não é só ela, toda
família é empurrada e condenada a viver na clausura, igualmente.
Por tudo isso, é necessário que olhemos a família com paciência e
entendimento de que também, ela a família, carrega uma carga de
responsabilidade e preconceito alto demasiado, e às vezes, até com doses cruéis
de discriminação.
Portanto, capacitar os professores a lidar com alunos com deficiência e
criar recursos materiais, com a necessidade de reavaliação constante por
parte do professor e aluno; promover as adaptações físicas de grande e pequeno
porte para auxiliar o aluno e o professor, facilitando assim o ensino e
aprendizagem; oferecer um ensino de qualidade, com professor utilizando sua criatividade,
bom senso e devendo primar por uma escola que ensina o valor da diferença; e
ainda agir de forma acolhedora com a família que chega muitas vezes cheia de
sofrimento; é o caminho que a escola inclusiva deve seguir.
Os profissionais que lidarão com essa criança ou jovem, que ainda não
sabem trabalhar com a diversidade, precisam buscar a opinião de profissionais
especializados, a fim de aprender a não olhar apenas as deficiências, mas
verificar as habilidades e a maneira que esse sujeito usa para vencer tantos desafios
e dificuldades. Igualmente deve dar importância aos recursos que o aluno
precisa como as Tecnologias Assistivas, e a criação de recursos visuais
adequados para facilitar a apreensão e chegar a aprendizagem.
Não somente o professor, mas todos os funcionários necessitam estar atentos
da forma como lidam com esse sujeito que
é uma pessoa que tem dificuldade em algumas
atividades, mas pode ter facilidade em outras, que tem o direito de falar por
si e assumir responsabilidade por suas decisões. Ao desejar alguma informação
de um aluno, pergunte a ele e não faça de conta que ele não entende pelo fato
de você, às vezes não querer ou até mesmo não o compreender. O contato deve ser
olho a olho e caso ela não verbalize, continue olhando em seus olhos e deixe que
seu acompanhante responda, mas insira-o na conversa, falando diretamente com
ele aquilo que diz respeito a ele.
Além disso, ressalta Marta Gil (2005), sempre
pergunte antes de ajudar e espere que a sua ajuda seja aceita e também não se
ofenda se ela recusar. Volte a oferecer ajuda quando sentir precisão. Porém,
nunca exclua as pessoas com deficiência das atividades e esteja pronto a
estimular a participação. Contudo deixe que elas decidam como e se querem
fazer; trate as pessoas com deficiência de acordo com a sua faixa etária. Se
for criança, trate como criança, se for jovem, trate como jovem, lembrando que as
pessoas com deficiência são pessoas como você, com os mesmos direitos, os
mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos sonhos talvez.
Sabemos que não é fácil modificar comportamentos de
uma hora para outra, então é primordial a escola ir à busca, o mais rápido
possível, de parcerias com todos os seguimentos da sociedade, para ajustar o
quanto antes tanta defasagem histórico-social na lida com o deficiente. Nessa
perspectiva, o atendimento às necessidades da criança vem sendo responsável pelos
altos índices de repetência e evasão, em todas as modalidades de ensino,
principalmente no fundamental.
Deixamos registrado que ninguém, nem qualquer
instituição podem discriminar ou recusar a matrícula de criança com
deficiência. Isto está previsto em lei e nós, pessoas consideradas sem
deficiência, do qual sempre me coloco em dúvida, deve lutar para que de fato a
igualdade de direitos e condições seja respeitada.
Segundo o artigo oitavo da Lei Federal 7.853/89, é crime punível com
reclusão de um a quatro anos e multa quem “Recusar, suspender, cancelar ou
fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de
ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, porque é portador de
deficiência”.
Vale
salientar que o professor ainda precisa aperfeiçoar suas práticas, e a escola
conseguintemente, rever seus ideais filosóficos, para que de fato se dê uma
educação de qualidade e para todos. Em
razão disso, cabe a todos mesmo, a
responsabilidade de fazer uma escola com educação de fato inclusiva; cada um no
seu papel de protagonista, com igual importância no processo; sendo valorizado
em seu potencial singular, para refletir na coletividade a educação que se quer
constituir. Para finalizar, cito Suely
Satow, diretora executiva do Centro de Informação e Documentação do
Portador de Deficiência (CEDIPOD) e doutora em Psicologia Social pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1994).
Acredito que a inclusão aconteça, quando houver uma
desconstrução do velho padrão dos valores vigentes, para a reconstrução de
outros, desta vez sem os pré-julgamentos das pessoas frente aos seus
semelhantes, que todos somos. Acredito também, que a INCLUSÃO aconteça, quando
TODOS (negros, pobres, doentes, mulheres etc. e não somente deficientes)
tiverem seu reconhecimento como SERES HUMANOS.
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