“Todo esforço
por conhecer começa do sonho”
Rubem Alves
Conteúdo
temático: Violência que brota
Público
Alvo:
Alunos de 1° ao 5° Ano
Professores
Funcionários
Comunidade
Tempo
de duração: O ano todo
Justificativa:
A iniciativa de abordar um tema tão complexo que
envolve vidas distintas partiu das muitas questões trazidas pelos alunos sobre
as várias violências vivenciadas por eles, no dia a dia de seu bairro. A
escolha do tema surgiu da inquietude, de percebermos tantas evasões e fracassos,
em crianças com autoconceito negativo e formulação de identidade, sem
perspectivas futuras, de conceitos positivos de si mesmo.
Considerando que a história local e do cotidiano é
que está mais próxima sempre do aluno, a proposta é que desenvolvam estudos do
passado, identifiquem mudanças e permanência, e mesmo se utilize dos espaços e
das fontes de comunicação e informação, como reconhecimento e valorização do
entorno escolar. Além de estarem divulgando seus bens culturais, através de pesquisas
junto à comunidade, com depoimentos de pessoas, fotografias e gravuras; observações
e análises dos habitantes; ferramentas, vestimentas, produção de alimentos; brincadeiras,
músicas, jogos e utensílios caseiros; pode-se também, conseguir informações
orais e documentais para terem acesso a um acervo histórico do bairro e tecerem
comparações com diversos grupos sociais. E assim, identificarem semelhanças e
diferenças, entre o modo de vida deles e de outros lugares.
O Projeto “Meu Bairro vai virar Aula” é uma proposta
que busca possibilitar aos alunos, o aprendizado efetivo sobre a importância da
participação cidadã na transformação, para melhor, da qualidade da vida social,
através de atitudes e hábitos, visando o bem estar coletivo.
Ao promover uma atuação de forma contextualizada e
sistemática, o projeto visa incentivar no conjunto, o exercício pleno da
cidadania, o desafio de mudança da postura tradicional de omissão, para atitude
de participação ativa e solidária na conquista de uma vida igualitária, sendo,
portanto, promovedores da própria cultura.
Ruben Alves diz que a educação se divide em duas
partes uma, a primeira, ele afirma que “é
preciso sonhar” e a outra, a segunda, que “é criar competências porque não adianta só sonhar”.
Objetivo
geral:
Compreender as muitas relações que em diferentes épocas
os moradores estabeleceram com o meio, na construção do espaço onde vivem, seja
sociais, culturais ou naturais.
Objetivo
Específico:
- Estabelecer relações da violência com as condições de vida local;
- Identificar a diferença das ocorrências entre os bairros da cidade e comparar o hoje e o antes;
- Buscar a origem de problemas socioeconômicos e ambientais para compreender a responsabilidade que cabe a cada um;
- Desenvolver atitudes de respeito e responsabilidades diante das diferenças socioculturais;
- Adquirir consciência da responsabilidade que seus atos desempenham na sociedade e no espaço em que vive e atua;
- Ampliar suas possibilidades de reivindicar direitos de cidadão e se colocar na postura de responsabilidade pelos deveres e atos cometidos.
- Reconhecer aspectos positivos da comunidade a partir de si mesmo destacando seu autoconceito;
- Registrar a descoberta de si mesmo e do outro como sujeito de direitos.
Cronograma
e abrangência de Conteúdos a serem abordados:
1.Fevereiro -
Identidade – partindo do
mundo da criança, identificar o lugar, o seu meio social e a cultura de onde
vive; reconhecer a diversidade de outros meios sociais e culturais e valorizar
a si mesmo.
Subtemas:
autoconhecimento, resgate histórico, lutas sociais, pluralidade cultural e
gênero, composição étnica do bairro.
2.Março/Abril -
Meio Ambiente – Explorar o
seu ambiente e compreender a natureza a contar de si próprio, como parte
integrante e agente transformador do mundo em que vive.
Subtemas:
expor questões referentes à água, saneamento básico, reciclagem, controle
biológico, plantio direto, queimadas, preservação, flora, fauna e desmatamento,
poluição da lagoa.
3. Maio/Junho -
Orientação sexual: conhecer e
distinguir os principais eixos que influenciam a relação de gênero desde a mais
tenra idade.
Subtema:
relação de gênero, violência doméstica, alcoolismo, distinção de gênero que
influencia no mercado de trabalho, DST/AIDS, gravidez na adolescência, evasão
escolar relacionada com a maturidade física.
4. Todo o ano -
Ética – Expandir o
modo como devem relaciona-se, construindo valores para uma convivência
harmoniosa entre todos nos espaços onde vivem.
Subtemas:
justiça, respeito mútuo, fraternidade, solidariedade, igualdade e amor;
5.Julho/Agosto -
Trabalho – Reconhecer a
função histórica do trabalho manual como instrumento da subsistência dos
moradores.
Subtemas:
cooperativismo, trabalho infantil, prostituição, exploração, artesanato,
produção agrícola, extrativismo e criações diversas;
6.Setembro/Outubro
- Saúde – Conhecer os
fatores necessários para manter um organismo saudável.
Subtemas:
alimentação saudável, intoxicação, saneamento básico, desigualdade social,
sexualidade, higiene, dengue, drogas, verminose, DST/AIDS, gravidez, esporte,
nutrição e vacinação;
7. Novembro/Dezembro
- Política – Conhecer a
função dos vereadores, prefeito e secretariado, presidente da associação de
moradores, e a escolha desses para representa-los.
Subtemas:
lutas sociais, deveres e direitos, Estatutos da Criança e do Adolescente,
Estatuto do Idoso, posição crítica perante as leis, democracia, globalização,
Sem-terra, exclusão social, transformação da sociedade e direitos humanos. (FENG, 2008, p.46 - 51)
Estratégia:
- Elaborar questionário com os alunos a modo de uma pesquisa de campo com perguntas tais como: como era o bairro antes, era tudo como é hoje? Como eram as moradias? Onde trabalhavam? O que vestiam? O que tinham em suas casas? De que brincavam? Como eram as brincadeiras? Como era o namoro? Aonde casavam? Aonde estudavam? Onde faziam compras? Como se divertiam? Como eram as ruas, as matas, os rios? Como era o meio de transporte e quando ficavam doentes? E etc.;
- Conhecer as características sociais e culturais do lugar através de pesquisas de campo;
- Estabelecer junto com os alunos e a família um código de ética e conduta a ser instituída por todos, promovendo estudos dos Direitos Humanos e abrindo diálogo para os efeitos do Bullying;
- Criar ambiente de participação de toda a família no espaço escolar;
- Promover fóruns de participação para debater conceitos de discriminação, preconceitos, intolerância e etc., que gera a violência;
- Prever cursos de capacitação onde os moradores possam usufruir do benefício dessa escola no bairro, estreitando ainda mais o relacionamento entre escola/família e comunidade;
- Propor debates com os moradores, representantes da sociedade civil e organizada, governantes;
- Considerar as características individuais de cada um instituindo um trabalho de Justiça Reparativa que tira a questão da punição e abre caminhos para o diálogo na escola;
- Propor mudanças nas expectativas de futuro de vida dos moradores;
- Criar meios, através de ideias advindas de moradores, com vontade de modificar hábitos e atitudes, que beneficie a comunidade.
• Para o desenvolvimento
do projeto como sugestões pode-se começar:
- Levantando questões pertinentes a situações relatadas pelos próprios alunos sobre a violência no bairro e propondo saídas para os problemas por debates e produção textual;
- Promovendo aula-passeio com observação direta do meio, analisando a paisagem do bairro, os caminhos que faz, identificando todas as características do local;
- Escolhendo entre uma infinidade de caminhos possíveis da casa até a escola e representando através de desenhos, relatórios e pinturas este caminho, com tudo que lembram que existe nele, para que todos conheçam o trajeto que cada um percorre até chegar na escola;
- Coletando dados por meio de entrevistas com moradores e documentações comprobatórias;
- Fotografando a realidade do bairro e seus personagens, sob autorização;
- Pesquisando sobre a vida da comunidade, analisando fotografias antigas, documentos e relatos;
- Buscando no relato de cada família, a origem dos problemas enfrentados pela comunidade;
- Conscientizando-se dos problemas ambientais e da sua responsabilidade;
- Promovendo debates na escola e associação de moradores sobre os temas pesquisados, levantando todos os fatores envolvidos;
- Solicitando pessoas capacitadas nos assuntos destacados para proferir palestras a toda comunidade;
- Estudando meios de soluções através de constantes reuniões em fóruns de discussões com os moradores interessados;
- Avaliando conjuntamente as ações de cada um e suas consequências no ambiente em diferentes épocas;
- Utilizando imagens gráficas através dos órgãos públicos para adquirir informações precisas, tais como: gráficos, mapas, tabelas legítimas;
- Valorizando o patrimônio cultural do bairro com respeito às diferentes culturas;
- Desenvolvendo valores para exercerem a cidadania como agentes transformadores;
- Criando condições para que os alunos tenham uma visão positiva de si mesmo, diante da sua comunidade e do mundo, ao participar de atividades que os façam perceberem-se parte integrante tais como: pesquisas; debates; atividades lúdicas e artísticas, resgate de brinquedos e brincadeiras dos pais e avós; linha do tempo com as fotografias recuperadas de cada um e as produzidas pelo grupo; atividades de campo percebendo como o ambiente é tratado no entorno das casas e da escola; ações relacionadas à manutenção do meio ambiente; valorização dos talentos locais, com shows de talentos na comunidade; valorização do saber popular, através da medicina do povo, crenças, lendas, causos e culinária; montagem de um livro individual de cada aluno com todas as informações do bairro, de seus moradores, fazendo com que suas vidas virem histórias registradas por eles mesmos.
Culminância:
Elaboração de painel simbolizando o domínio do homem
sobre a natureza no bairro;
Chá literário com os livros e as composições dos
alunos e da comunidade local com noite de autógrafo;
Exposição de todos os trabalhos produzidos durante o
ano.
Recursos
Materiais: máquina fotográfica, Datashow, materiais de
papelaria, computador, jornais e revistas,
mural de exposição, fotografias,
mapa do bairro e da cidade, receitas diversas produzidas pelos alunos com
reaproveitamento de alimentos para o chá Literário, vídeos, sucatas e outros.
Humanos: profissional da área da saúde, política, educação,
da comunidade em geral, alunos e familiar.
Avaliação: será pela observação do comportamento de cada um no
processo e pelas mudanças possíveis no decorrer do desenvolvimento do projeto;
se houve melhoria da participação de todos nas discussões dos problemas,
divisão de responsabilidades na tomada de decisões, além do aprendizado com as
ideias alheias, educando para o coletivo.
O
projeto passará pela avaliação dos alunos, da escola e da família.
Fonte:
Revista Nova
escola – junho 1998 p. 17 - 24; junho 1999 p. 17 - 24; abril 2001 p.19 - 25,
28, 44 - 47.
FENG, Lee Yun. Projeto Educação do Campo:
estratégias e alternativas no campo pedagógico.
http://revistaescola.abril.com.br
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