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domingo, 14 de abril de 2013

A importância de estudarmos frações na escola

Juraci Reis

Quando era criança me perguntava sempre, para quê servia algo tão chato. E de fato era! Tratado como conteúdo apenas para cumprir o currículo, o ensino de fração era na ocasião, para os alunos da minha classe, uma tortura difícil de compreender. O aluno, mecanicamente, tinha a obrigatoriedade de memorizar através dos exercícios trazidos nos parcos livros que existiam na época. Daí, eu ter criado verdadeira ojeriza!  Entretanto, aos poucos após o Curso Normal, pude perceber que fração não era de tudo inútil. Mas, somente após me lançar na carreira de docente é que fui levada a perceber o quanto era importante compreender o uso da fração em nossas vidas, embora, o mais convencional dos números racionais é a utilização dos decimais.
           Para melhor compreender a situação que vivencia o aluno no entendimento desse conteúdo, somente tendo sido aluno, principalmente em meados do século XX em que se via como ideia de medida, sem qualquer material de apoio e nenhuma aplicabilidade. E nessa concepção de fração como medida, a única que eu conseguia compreender era a metade. E não porque tenha aprendido na escola, mas sim pelas instruções que recebia da minha mãe: “parte no meio, metade para você e metade pro seu irmão”. Difícil neste contexto foi quando vieram mais dois irmãos. Os pedaços ficaram cada vez menores. Mas saber que isso era fração, isso não sabia, somente aprendendo mais tarde a significação, sem, contudo, entender para que servisse.

           Ao iniciar minha saga docência, passei por vários fracassos e isso me fazia um grande mal estar. Eu sabia que o fracasso era meu e não de meus alunos. Muitas decepções comigo mesma me acometeram e a cada vez eu entrava em parafusos e me deprimia. Buscava soluções sempre diferenciadas para que meus pequenos pudessem ter as possibilidades que não tive. 
         
           Acariciava-me o ego todas as vezes que conseguia aprender junto ao meu aluno em encontrarmos soluções para as situações propostas. Aprendi a confeccionar material e a utilizar o contexto do aluno nas aulas de fração. Facilitou muito as aulas, a decida do pedestal e o entendimento de que não detinha o saber. Juntos construímos significados para as frações que aparecem no dia a dia, transformamos em decimais com a maior facilidade e na prática medíamos, comparávamos, criávamos, explorávamos. Em verdade queria descobrir maneiras que pudesse produzir aprendizado, para enfim, que meus alunos não tivessem as mesmas dificuldades que tive com relação a Matemática, em toda minha vida. 

           Dizia sempre para mim mesma que não poderia fazer aos meus alunos o que fizeram comigo. Pois que, se ensinasse da forma como me ensinaram, eu nada estaria ensinando. Iniciei então, uma busca sem fim por estratégias diversas para houvesse de fato aprendizado na minha sala. Descobri com isso que aprendia fração à medida que adentrava na construção de processo para facilitar a apreensão desse “bicho papão” chamado fração.
           Certa vez tivemos que trabalhar porcentagem e a direção exigia que seguisse o livro didático sem a preocupação com a flexibilidade que deve existir no planejamento. Nunca antes havia aprendido, - sem vergonha de confessar-, e foi quando descobrimos que pela simplificação de fração, conseguíamos chegar ao resultado esperado, envolvendo percentagem. A cada descoberta meu entusiasmo crescia e me empolgava, contagiando os meninos que já haviam passado por frações em três anos anteriores sem assimilar qualquer coisa. Quando iniciei os estudos dos números racionais, foi uma reclamação só. Ninguém queria saber. Dessa forma, tinha que fazer a diferença, mas não sabia como. Construímos a partir de varias experimentações, com material concreto, dos quais eram manipulados e não somente observados. Situações vivenciadas em diferentes contextos dos meninos foram muito investigadas e aproveitadas. Tudo que eles me perguntavam se soubesse, não respondia, se não soubesse também não. Instigava-os a pesquisar, a pensar. Saudades dessa turma! Aprendi mais que em qualquer banco de escola onde estive! Nunca antes tinha sido tão aluna!

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