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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Postura da Inclusão

Juraci Reis


Quando uma escola recebe uma criança diferente pela primeira vez, ainda hoje, assusta o fato dessa convivência. A escola deve ser acolhedora, portanto precisa proporcionar um mobiliário mais adequado e acesso ao currículo, à sala de aula e todas as dependências. A cooperação é a primeira estratégia para viver e conviver junto. Sendo assim, as pessoas com deficiência não podem ser vistas como se nada tivesse de diferente, entendendo serem características que precisam se consideradas, no entanto, isso não quer dizer que devam ser abandonadas, ou superprotegidas.
A primeira iniciativa deve contemplar a informação sobre essa clientela. Que aluno é esse e quem é essa família especial que passaremos a conviver? Deve-se então, realizar entrevistas para conhecer a história do aluno e da família e quais são as expectativas desses pais. A partir daí, a escola apresenta o que de especificidade pode oferecer ao novo integrante. Sendo que o envolvimento dos pais no processo de inclusão, mantendo um diálogo permanente, bem como a garantia da participação tanto da família como da comunidade, são ações primordiais. Isto é, escola e família têm cada um, seu papel fundamental na inclusão.
As pessoas com deficiência, bem como sua família, ainda são vistas com olhos da invisibilidade, a esta colocação cito a Coordenadora da Rede Saci, Marta Gil, quando afirma:
Basicamente, essa “invisibilidade” é o resultado de um círculo vicioso: não vemos pessoas com deficiência nas ruas porque a maioria dos ambientes não é acessível e a maioria dos ambientes não é acessível porque quase não vemos pessoas com deficiência nas ruas. (Gil, 2005)
Com essa fala, precisamos refletir sobre a nossa postura e nossas ações perante o quadro de exclusão que vive, ainda em pleno século XXI, as pessoas que tem necessidades especiais, no convívio social. E não é só ela, toda família é empurrada e condenada a viver na clausura, igualmente.
Por tudo isso, é necessário que olhemos a família com paciência e entendimento de que também, ela a família, carrega uma carga de responsabilidade e preconceito alto demasiado, e às vezes, até com doses cruéis de discriminação.
Portanto, capacitar os professores a lidar com alunos com deficiência e criar recursos materiais, com a necessidade de reavaliação constante por parte do professor e aluno; promover as adaptações físicas de grande e pequeno porte para auxiliar o aluno e o professor, facilitando assim o ensino e aprendizagem; oferecer um ensino de qualidade, com professor utilizando sua criatividade, bom senso e devendo primar por uma escola que ensina o valor da diferença; e ainda agir de forma acolhedora com a família que chega muitas vezes cheia de sofrimento; é o caminho que a escola inclusiva deve seguir.
Os profissionais que lidarão com essa criança ou jovem, que ainda não sabem trabalhar com a diversidade, precisam buscar a opinião de profissionais especializados, a fim de aprender a não olhar apenas as deficiências, mas verificar as habilidades e a maneira que esse sujeito usa para vencer tantos desafios e dificuldades. Igualmente deve dar importância aos recursos que o aluno precisa como as Tecnologias Assistivas, e a criação de recursos visuais adequados para facilitar a apreensão e chegar a aprendizagem.
Não somente o professor, mas todos os funcionários necessitam estar atentos da forma como  lidam com esse sujeito que é uma pessoa que tem dificuldade em algumas atividades, mas pode ter facilidade em outras, que tem o direito de falar por si e assumir responsabilidade por suas decisões. Ao desejar alguma informação de um aluno, pergunte a ele e não faça de conta que ele não entende pelo fato de você, às vezes não querer ou até mesmo não o compreender. O contato deve ser olho a olho e caso ela não verbalize, continue olhando em seus olhos e deixe que seu acompanhante responda, mas insira-o na conversa, falando diretamente com ele aquilo que diz respeito a ele.
Além disso, ressalta Marta Gil (2005), sempre pergunte antes de ajudar e espere que a sua ajuda seja aceita e também não se ofenda se ela recusar. Volte a oferecer ajuda quando sentir precisão. Porém, nunca exclua as pessoas com deficiência das atividades e esteja pronto a estimular a participação. Contudo deixe que elas decidam como e se querem fazer; trate as pessoas com deficiência de acordo com a sua faixa etária. Se for criança, trate como criança, se for jovem, trate como jovem, lembrando que as pessoas com deficiência são pessoas como você, com os mesmos direitos, os mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos sonhos talvez.
Sabemos que não é fácil modificar comportamentos de uma hora para outra, então é primordial a escola ir à busca, o mais rápido possível, de parcerias com todos os seguimentos da sociedade, para ajustar o quanto antes tanta defasagem histórico-social na lida com o deficiente. Nessa perspectiva, o atendimento às necessidades da criança vem sendo responsável pelos altos índices de repetência e evasão, em todas as modalidades de ensino, principalmente no fundamental.
Deixamos registrado que ninguém, nem qualquer instituição podem discriminar ou recusar a matrícula de criança com deficiência. Isto está previsto em lei e nós, pessoas consideradas sem deficiência, do qual sempre me coloco em dúvida, deve lutar para que de fato a igualdade de direitos e condições seja respeitada.
Segundo o artigo oitavo da Lei Federal 7.853/89, é crime punível com reclusão de um a quatro anos e multa quem “Recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, porque é portador de deficiência”.
Vale salientar que o professor ainda precisa aperfeiçoar suas práticas, e a escola conseguintemente, rever seus ideais filosóficos, para que de fato se dê uma educação de qualidade e para todos.  Em razão disso, cabe a todos mesmo, a responsabilidade de fazer uma escola com educação de fato inclusiva; cada um no seu papel de protagonista, com igual importância no processo; sendo valorizado em seu potencial singular, para refletir na coletividade a educação que se quer constituir. Para finalizar, cito Suely Satow, diretora executiva do Centro de Informação e Documentação do Portador de Deficiência (CEDIPOD) e doutora em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1994).
Acredito que a inclusão aconteça, quando houver uma desconstrução do velho padrão dos valores vigentes, para a reconstrução de outros, desta vez sem os pré-julgamentos das pessoas frente aos seus semelhantes, que todos somos. Acredito também, que a INCLUSÃO aconteça, quando TODOS (negros, pobres, doentes, mulheres etc. e não somente deficientes) tiverem seu reconhecimento como SERES HUMANOS.

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