1
– Qual o sentido da infância para a adolescência?
A infância é uma
fase que antecedeu e ficou para trás, porém, nas fases da vida humana, sendo de
cunho muito importante considerar a ambiguidade
com que sente e vivencia, na intermediação entre infância e fase adulta. Para a
adolescência a infância é o referencial, o sustentáculo na entrada com
deferência a fase adulta. É ela que irá fornecer uma base de sustentação para
enfrentar o período de transição em um adolescer cheio de vigor, de dúvidas e
conflitos para uma vida adulta equilibrada ou não, dependendo da maneira como
esta transição se der. Pois, dependerá muito da forma como a infância foi
conduzida e cuidada, se com afeto e atenção pelo adulto próximo, cria mais
autonomia e se desprende da infância com segurança.
Assim, “é importante atravessar de forma satisfatória as
etapas da vida infantil para ser possível gerenciar as ocorrências da
adolescência no preparo para a vida adulta” (FARIAS, p.30)
2
– Qual a importância da entrada na escola para a criança?
A escola é um espaço primordial no processo de
desenvolvimento da criança e ao mesmo tempo muito delicado, principalmente pela
separação da figura materna.
A entrada na
escola transforma todo um contexto já vivido até então, para outro diferente,
que vem trazer ainda mais autonomia, pela condução pareada de novas regras e
exploração de novos ambientes. A criança que antes tinha nas brincadeiras e
brinquedos seu suporte de aprendizagem, passa a incorporar novos deveres com
outros tipos de tarefas, com a introdução do conhecimento científico.
São momentos
difíceis, visto ser, mesmo que provisório, uma separação dolorosa. Porém, com a
manutenção da confiança, gerenciada pela figura materna, consegue suplantar
essa fase e adquire melhor desenvoltura e, ao mesmo tempo, cria mais
independência quando se depara com outras possibilidades de troca de saberes. Tudo
nessa fase se modifica, a criança passa a ter novas experiências com grupos
diferentes, passa a ter contato com outras manifestações culturais que não o da
própria família, aumenta o seu repertório de conhecimento.
Todo esse processo
de conquistas irá auxiliar no momento do ingresso na adolescência, influindo na
tomada de decisões, no poder de iniciativa e na capacidade de resiliência e
alteridade. A convivência com outros grupos sociais implica em aquisições
favoráveis à formação da personalidade e do caráter, sendo a intervenção da
escola fundamental para a construção desse processo de maneira saudável,
comedida e positiva.
3 – Podemos considerar a
maioridade como adolescência?
Antes da Constituição de 88
a maioridade era aos 21 anos, após a Constituição veio as mudanças na regra,
reduzindo para 18 anos, culminando com a etapa final da adolescência. A
maioridade penal traz à tona na sociedade, principalmente quando há divulgação
de infrações e violências praticadas por menores, discussões acirradas, em
torno do tema polêmico, que atualmente vem-se a debate com projetos de lei para
reduzir para os dezesseis anos a maioridade, mudando completamente as regras
que protegem o menor.
É sabido que aos dezesseis
anos, o jovem está em pleno conflito na transição da infância para a fase
adulta. Considerando um adolescente nesta faixa etária como sendo maior,
sujeito a todas as penalidades na forma da lei, como qualquer adulto, é também
considera-lo como um adulto. Quem conhece e convive com adolescentes, percebe a
distância que há entre o pensamento de um menino ou menina nessa idade para uma
vida adulta que querem imputá-los. Isso seria voltar a Idade Média, período em
que crianças eram tratadas a revelia e abandonadas a própria sorte, sem nenhum
direito de ser criança.
Claro que deve ser imputadas
aos jovens, responsabilidades pelos seus atos, porém, além disso, precisam
receber ensinamentos capazes de conduzi-los por caminhos saudáveis, educadores
e seguros, com direitos de fato iguais a todas as classes, raças e etnias. A história no mundo nos mostra as diferenças
de tratamento e condução do adolescer em tempos e espaços distintos. Diante de
diversas realidades, fica mais que provado, que reduzir a idade penal não dá
garantia de mais segurança, punidade e saúde social. Dessa forma, maioridade e
adolescência, considero, são palavras antagônicas, sendo essa fase da vida
humana, singular e importante na transição, para um adulto próspero e,
sobretudo ético.
4 – Quais as principais
características da puberdade?
Os jovens sofrem enormes
conflitos por não serem mais crianças e nem adultos, ou seja, são grandes e
velhos para determinada coisa e considerados novos para outras. Isso acarreta
distúrbios, demonstrados no comportamento, por vezes, traduzido na agressividade,
angústias e muita insegurança, exatamente por não saberem o que vai acontecer,
com tanto desconforto trazido pelas experiências novas. Também demonstram medo
da responsabilidade e podem até fazer quadro de depressão por conta disso. Tudo
isso associado a um turbilhão de modificações corporal trazendo ainda mais
instabilidade a quem a inquietação já deixou tão fragilizado.
Nos meninos, por
exemplo, aparecem os pelos pelo corpo inclusive a barba; aumento dos testículos
e pênis; o crescimento das cordas vocais com engrossamento da voz; surgem os
hormônios sexuais e com eles a primeira ejaculação. Já nas meninas seguem
também as muitas mudanças e mais rápidas que os meninos. Há toda uma
modificação no corpo, deixando para trás a forma de menina para dar lugar às
formas de mulher com a definição da silhueta, do desenvolvimento dos seios e
quadris, do surgimento dos hormônios sexuais e início do ciclo menstrual;
também aparecem as secreções vaginais e junto o aparecimento dos pelos pubianos
e axilares.
Essa transformação
rápida no corpo masculino e feminino trás muito desconforto, principalmente
quando aparecem as temidas espinhas, trazendo junto uma preocupação exagerada com
o corpo e com ela uma crescente insegurança do como é visto pelos colegas. Na
prática, buscam nesse sentimento, tecer comparações entre seus corpos, passando
a se perceberem estranhos e até envergonhados.
A forma como lidam
com a ansiedade vai depender dos estímulos recebidos pelo ambiente, que por sua
vez, vai interferir significativamente no desenvolvimento de suas habilidades e
competências.
5
– Podemos entender a adolescência como um momento de transição?
Essa é uma fase de transição entre a infância
e a fase adulta, da qual ambos os gêneros passam por grandes dificuldades,
necessitando de apoio, atenção e muito afeto para suplantar tantos desafios.
Nesta fase o adolescente
se sente inadaptado ao meio social no qual se movimenta, sofre por não ser mais
criança, por viver o luto do corpo infantil; mas também não tem habilidade
estruturada e organizada para se mover com os jogos sociais dos adultos,
portanto é um período intermediário entre duas fases extremamente importantes
da vida: a dependência do período infantil e a responsabilidade da vida adulta. (Machado,
2010)
Assim,
enfrentam situações novas, cheias de conflitos, os quais necessitarão da
presença dos pais e professores para o enfrentamento de um mundo, pra ele
hostil, cuja transição de forma a vencer os obstáculos para novas experiências,
dependerá do quão compreensivo serão as pessoas ao seu redor. Com muito
diálogo, compreensão, respeito e acima de tudo muito amor, essa fase
transitória passa, de forma saudável e natural, sem quaisquer sequelas, ficando
somente as experiências vividas, como lembranças de um tempo que passou.
Fonte:
FARIAS, Francisco Ramos de. Adolescência e Juventude.
V.1/Francisco Ramos de Farias. Rio de Janeiro:Fundação CECIERJ, 2013. 308 p.
MACHADO, Iara
da Siva. Adolescência: fase
de transição e conflitos. 2010. Disponível em: <http://neuropsicopedagogiaemfoco.blogspot.com.br/2010/05/adolescencia-fase-de-transicao-e.html>.