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sábado, 12 de setembro de 2015

Prática pedagógica e gravidez na adolescência

Juraci Reis
Em 25 anos de magistério, tenho visto muitos projetos ligados a Doenças Sexualmente transmissíveis e, todo ano aumenta-se a incidência de gravidez na adolescência, entre alunas de 13 a 17 anos ou até mais cedo. Alguma coisa não caminha bem entre o que se espera da escola e da família, com o que os alunos apreendem!
Sabemos da importância de um trabalho pedagógico verdadeiramente eficaz, que seja pertinente a situação local, que abranja toda clientela escolar sem exceção. Porém vemos projetos terminarem em festividade, do que, o que mais importa é o dia da culminância e não o processo, o aprendizado. Que se resume muitas vezes em cartazes presos nas paredes ou em murais, e passado o dia festivo, ainda fica por mais alguns até serem rasgados pelos próprios alunos e retirados e jogados no lixo, sem nenhuma importância mais.
Diante dos fatos iminentes, cada vez mais as noticias informam o avanço das doenças ocupando espaços mais jovens a todo tempo. É preciso um acordar por parte das instituições, poder público, família e escola, para uma realidade catastrófica e preocupante. A disseminação dos problemas ligados a prática do sexo desprotegido tem acarretado sérios danos à sociedade, que se vê frente a frente com a sua desabilidade em reverter a situação. Dessa forma, muito importante é a promoção de parceria entre os diferentes órgãos públicos, já que virou questão de saúde pública.
Assim, essencial que Educação, Saúde, Ação Social, Ministério Público, CMDCA e outros, caminhem juntos com a escola e a família nesse processo, visto ser de interesse comum que encontrem soluções para tamanha problemática envolvendo nossos jovens. Para colaborar com o professor na sala de aula esses organismos podem influenciar nas medidas socioeducativas, capazes de adentrar nos conceitos culturais com muito mais habilidades, ante uma sociedade ainda vestida de preconceitos, puritanismos e hipocrisia.
Apesar do pluralismo, o cerne da questão deve ser o foco principal, porquanto, há que atacar as causas, evitando assim maiores consequências provocadas por atos de inconsequente afirmação. Nesta feita, assevero que o professor sozinho, não dá conta do tanto de responsabilidade e compromisso que essa temática comporta. Entretanto, é também de responsabilidade deste, fazer com que aconteça aprendizagem do tema em demanda e, desta forma contribuir positivamente, na Rede que deve se formar para o alcance do sucesso. 

Dessa forma, deve-se priorizar o sujeito de direitos, romper com o currículo estático e sem funcionalidade, para desempenhar um papel mais expressivo do qual o aluno seja sujeito de sua história, entendido como ser humano, com suas individualidades e saberes que embora diferentes, devem ser valorizados. Com práticas pedagógicas, portanto, baseadas na autonomia dos alunos e na participação de toda a comunidade, envolvendo seu contexto e o do entorno da escola nesse currículo, debatendo com essa comunidade o que de melhor atende seus anseios e necessidade, até mesmo na formação do professor que nem sempre conseguem esse envolvimento; de forma que o coletivo, em que todos participem num processo democrático e includente rompa com essa escola autoritária e preconceituosa que foi instituída, que nada de têm de sentido para a vida da sociedade que pretende mudanças.

Droga e adolescência: que papel a escola tem?

 Juraci Reis
Muitos jovens para dizimar suas frustrações, buscam para seus conflitos, seja de ordem familiar ou íntima, caminhos nem sempre adequados à solução deles. Na maioria das vezes são levados a experiências danosas, no caso do consumo de álcool, ao invés de recursos saudáveis. Também tomam atitudes cambiadas para o uso tanto de bebida, quanto de cigarro devido a necessidade de sentirem-se aceitos pelos seus pares e pertencente no grupo e, mais ainda equivaler aos adultos nos hábitos e costumes. No mundo inteiro, as famílias passam por essa problemática, sem distinção de cor, raça ou condição social. As pessoas se utilizam das drogas como sendo um amuleto, que o guarda longe daquilo que o consomem os ânimos. Porém, essa viagem sem sair do lugar, é o maior dos enganos da sociedade que se diz civilizada, na contemporaneidade.
Cada vez mais cedo, os jovens adentram pela condição de adictos, sendo levados a essa situação de dependência, seja por sentirem-se incapazes de lutar contra seus sentimentos de impotência, frente as problemáticas trazidas durante a transição para a fase adulta, seja pela necessidade de sentirem-se parte. Os adolescentes sentindo-se por sua vez, desprotegidos diante das transformações corpóreas, as quais não conseguem lidar; nem sequer observam as orientações e compreensões devidas; mais até a avalanche de cobranças sociais surgindo, uma seguida da outra, sentindo-se desamparados, culpam os adultos pelo que dizem, os perseguem. Nesse embate, em que numa família nuclear, os pais não conseguem falar a mesma linguagem dos filhos e esses tão pouco, denotando choque de gerações, em desequilíbrio, utilizam de meios para fugir do que não sentem capazes de contornar. Assim, agem na droga como se fosse o anestésico para suas dores. E na busca pelo prazer, viajam nesse movimento, amparado por pessoas que comungam com o mesmo pensamento, além do convite constante ao estímulo, através do espaço midiático, nas redes sociais e de comunicação; aumentando a sedução, cruel do mesmo modo, com aqueles inescrupulosos que os desejam aliciarem por vantagens econômicas, adentrando mais na realidade de cada um.
Porém, na vida, como nem tudo que dá prazer, é duradouro e consequente, o usuário passa cada vez mais a depender das substâncias psicoativas, as quais levam a causa de graves danos à saúde física e mental, familiar e social. Dessa forma, o indivíduo que depende do uso de drogas, também e mais ainda, passa a depender da patota que o acompanha nessa empreitada alucinógena, do traficante, da ação social, das clínicas e dos profissionais ligados, dos pais e da solidariedade e compreensão alheia, deixando de lado sua identidade pessoal para dar lugar a coletiva, contudo estando só.
À medida do consumo dessas substâncias químicas na estrutura corpórea, o jovem, na intenção de se livrar de algum tipo de sofrimento, angaria para si um manancial de outros muito piores. Pois são essas, que no início produzem sensação de prazer, que leva ao começo também da destruição.  O sujeito que já não suporta mais determinados sentimentos que o consome, sente-se impulsionado a seguir por esse rumo, ao próprio aniquilamento.
Com o uso das substâncias que normalmente são as primeiras a serem experimentadas pelo jovem, no caso o álcool e a nicotina, abre-se uma porta para outras mais pesadas e quase sem volta na vida desse sujeito. E se a nicotina produz tantos efeitos a quem consome direta e indiretamente; e se o álcool traz o tormento com a perda da sensibilidade motora e reflexa, da competência de dar conta de si, sem falar do desconforto orgânico, acarretando diversos sintomas patológicos, além de conduzir o indivíduo e sua família a degradação; que dirá as de ordem ilícitas que corroem toda uma sociedade.
O educador mediante uma temática, tão carregada de dissoluções, tem papel relevante a desempenhar nesse cenário e, também, a escola, responsabilidade em incentivar a presença da família como elemento essencial a prática pedagógica. Ambos na luta contra  esse câncer da humanidade, que destrói vidas e aleijam famílias. A escola, portanto, tem em sua função, creio, seja desenvolver/promover cidadania, de fato e não meramente tornar cidadãos de papel. Portanto, inserir na História o sujeito, respeitar a sua história de vida, produzir saberes compromissados; pessoas conscientes de direitos e deveres atentas a novas formas de ler e reler o mundo, sob variadas óticas, sem se excluírem do contexto histórico; e, sobretudo, com a capacidade crítica da realidade de seu entorno, da participação sua e do outro no mundo, bem como da transformação de si como sujeito histórico. Se a escola der conta disso, terá cumprido seu papel no enfrentamento de tamanha desordem social.