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terça-feira, 17 de setembro de 2013

“MEU BAIRRO VAI VIRAR AULA”


“Todo esforço por conhecer começa do sonho”
Rubem Alves

 Conteúdo temático: Violência que brota


Público Alvo:
Alunos de 1° ao 5° Ano
Professores
Funcionários
Comunidade

Tempo de duração: O ano todo

Justificativa:

A iniciativa de abordar um tema tão complexo que envolve vidas distintas partiu das muitas questões trazidas pelos alunos sobre as várias violências vivenciadas por eles, no dia a dia de seu bairro. A escolha do tema surgiu da inquietude, de percebermos tantas evasões e fracassos, em crianças com autoconceito negativo e formulação de identidade, sem perspectivas futuras, de conceitos positivos de si mesmo.

Considerando que a história local e do cotidiano é que está mais próxima sempre do aluno, a proposta é que desenvolvam estudos do passado, identifiquem mudanças e permanência, e mesmo se utilize dos espaços e das fontes de comunicação e informação, como reconhecimento e valorização do entorno escolar. Além de estarem divulgando seus bens culturais, através de pesquisas junto à comunidade, com depoimentos de pessoas, fotografias e gravuras; observações e análises dos habitantes; ferramentas, vestimentas, produção de alimentos; brincadeiras, músicas, jogos e utensílios caseiros; pode-se também, conseguir informações orais e documentais para terem acesso a um acervo histórico do bairro e tecerem comparações com diversos grupos sociais. E assim, identificarem semelhanças e diferenças, entre o modo de vida deles e de outros lugares.

O Projeto “Meu Bairro vai virar Aula” é uma proposta que busca possibilitar aos alunos, o aprendizado efetivo sobre a importância da participação cidadã na transformação, para melhor, da qualidade da vida social, através de atitudes e hábitos, visando o bem estar coletivo.

Ao promover uma atuação de forma contextualizada e sistemática, o projeto visa incentivar no conjunto, o exercício pleno da cidadania, o desafio de mudança da postura tradicional de omissão, para atitude de participação ativa e solidária na conquista de uma vida igualitária, sendo, portanto, promovedores da própria cultura.
Ruben Alves diz que a educação se divide em duas partes uma, a primeira, ele afirma que “é preciso sonhar” e a outra, a segunda, que “é criar competências porque não adianta só sonhar”.

Objetivo geral:

Compreender as muitas relações que em diferentes épocas os moradores estabeleceram com o meio, na construção do espaço onde vivem, seja sociais, culturais ou naturais.
                                                                           
Objetivo Específico:


  • Estabelecer relações da violência com as condições de vida local;
  • Identificar a diferença das ocorrências entre os bairros da cidade e comparar o hoje e o antes;
  • Buscar a origem de problemas socioeconômicos e ambientais para compreender a responsabilidade que cabe a cada um;
  • Desenvolver atitudes de respeito e responsabilidades diante das diferenças socioculturais;
  • Adquirir consciência da responsabilidade que seus atos desempenham na sociedade e no espaço em que vive e atua;
  • Ampliar suas possibilidades de reivindicar direitos de cidadão e se colocar na postura de responsabilidade pelos deveres e atos cometidos.
  • Reconhecer aspectos positivos da comunidade a partir de si mesmo destacando seu autoconceito;
  • Registrar a descoberta de si mesmo e do outro como sujeito de direitos.



   
Cronograma e abrangência de Conteúdos a serem abordados:

1.Fevereiro - Identidade – partindo do mundo da criança, identificar o lugar, o seu meio social e a cultura de onde vive; reconhecer a diversidade de outros meios sociais e culturais e valorizar a si mesmo.
Subtemas: autoconhecimento, resgate histórico, lutas sociais, pluralidade cultural e gênero, composição étnica do bairro.
2.Março/Abril - Meio Ambiente – Explorar o seu ambiente e compreender a natureza a contar de si próprio, como parte integrante e agente transformador do mundo em que vive.
Subtemas: expor questões referentes à água, saneamento básico, reciclagem, controle biológico, plantio direto, queimadas, preservação, flora, fauna e desmatamento, poluição da lagoa.
3. Maio/Junho - Orientação sexual: conhecer e distinguir os principais eixos que influenciam a relação de gênero desde a mais tenra idade.
Subtema: relação de gênero, violência doméstica, alcoolismo, distinção de gênero que influencia no mercado de trabalho, DST/AIDS, gravidez na adolescência, evasão escolar relacionada com a maturidade física.
4. Todo o ano - Ética – Expandir o modo como devem relaciona-se, construindo valores para uma convivência harmoniosa entre todos nos espaços onde vivem.
Subtemas: justiça, respeito mútuo, fraternidade, solidariedade, igualdade e amor;
5.Julho/Agosto - Trabalho – Reconhecer a função histórica do trabalho manual como instrumento da subsistência dos moradores.
Subtemas: cooperativismo, trabalho infantil, prostituição, exploração, artesanato, produção agrícola, extrativismo e criações diversas;
6.Setembro/Outubro - Saúde – Conhecer os fatores necessários para manter um organismo saudável. 
Subtemas: alimentação saudável, intoxicação, saneamento básico, desigualdade social, sexualidade, higiene, dengue, drogas, verminose, DST/AIDS, gravidez, esporte, nutrição e vacinação;
7. Novembro/Dezembro - Política – Conhecer a função dos vereadores, prefeito e secretariado, presidente da associação de moradores, e a escolha desses para representa-los.
Subtemas: lutas sociais, deveres e direitos, Estatutos da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso, posição crítica perante as leis, democracia, globalização, Sem-terra, exclusão social, transformação da sociedade e direitos humanos. (FENG, 2008, p.46 - 51)


Estratégia:


  • Elaborar questionário com os alunos a modo de uma pesquisa de campo com perguntas tais como: como era o bairro antes, era tudo como é hoje? Como eram as moradias? Onde trabalhavam? O que vestiam? O que tinham em suas casas? De que brincavam? Como eram as brincadeiras? Como era o namoro? Aonde casavam? Aonde estudavam? Onde faziam compras? Como se divertiam? Como eram as ruas, as matas, os rios? Como era o meio de transporte e quando ficavam doentes? E etc.;
  • Conhecer as características sociais e culturais do lugar através de pesquisas de campo;
  • Estabelecer junto com os alunos e a família um código de ética e conduta a ser instituída por todos, promovendo estudos dos Direitos Humanos e abrindo diálogo para os efeitos do Bullying;
  • Criar ambiente de participação de toda a família no espaço escolar;
  • Promover fóruns de participação para debater conceitos de discriminação, preconceitos, intolerância e etc., que gera a violência;
  • Prever cursos de capacitação onde os moradores possam usufruir do benefício dessa escola no bairro, estreitando ainda mais o relacionamento entre escola/família e comunidade;
  • Propor debates com os moradores, representantes da sociedade civil e organizada, governantes;
  • Considerar as características individuais de cada um instituindo um trabalho de Justiça Reparativa que tira a questão da punição e abre caminhos para o diálogo na escola;
  • Propor mudanças nas expectativas de futuro de vida dos moradores;
  • Criar meios, através de ideias advindas de moradores, com vontade de modificar hábitos e atitudes, que beneficie a comunidade.



      Para o desenvolvimento do projeto como sugestões pode-se começar:

  •     Levantando questões pertinentes a situações relatadas pelos próprios alunos sobre a violência no bairro e propondo saídas para os problemas por debates e produção textual; 
  • Promovendo aula-passeio com observação direta do meio, analisando a paisagem do bairro, os caminhos que faz, identificando todas as características do local;
  •   Escolhendo entre uma infinidade de caminhos possíveis da casa até a escola e representando através de desenhos, relatórios e pinturas este caminho, com tudo que lembram que existe nele, para que todos conheçam o trajeto que cada um percorre até chegar na escola;
  • Coletando dados por meio de entrevistas com moradores e documentações comprobatórias;
  • Fotografando a realidade do bairro e seus personagens, sob autorização;
  • Pesquisando sobre a vida da comunidade, analisando fotografias antigas, documentos e relatos;
  • Buscando no relato de cada família, a origem dos problemas enfrentados pela comunidade;
  • Conscientizando-se dos problemas ambientais e da sua responsabilidade;
  • Promovendo debates na escola e associação de moradores sobre os temas pesquisados, levantando todos os fatores envolvidos;
  • Solicitando pessoas capacitadas nos assuntos destacados para proferir palestras a toda comunidade;
  • Estudando meios de soluções através de constantes reuniões em fóruns de discussões com os moradores interessados;
  • Avaliando conjuntamente as ações de cada um e suas consequências no ambiente em diferentes épocas;
  • Utilizando imagens gráficas através dos órgãos públicos para adquirir informações precisas, tais como: gráficos, mapas, tabelas legítimas;
  • Valorizando o patrimônio cultural do bairro com respeito às diferentes culturas;
  • Desenvolvendo valores para exercerem a cidadania como agentes transformadores;
  • Criando condições para que os alunos tenham uma visão positiva de si mesmo, diante da sua comunidade e do mundo, ao participar de atividades que os façam perceberem-se parte integrante tais como: pesquisas; debates; atividades lúdicas e artísticas, resgate de brinquedos e brincadeiras dos pais e avós; linha do tempo com as fotografias recuperadas de cada um e as produzidas pelo grupo; atividades de campo percebendo como o ambiente é tratado no entorno das casas e da escola; ações relacionadas à manutenção do meio ambiente; valorização dos talentos locais, com shows de talentos na comunidade; valorização do saber popular, através da medicina do povo, crenças, lendas, causos e culinária; montagem de um livro individual de cada aluno com todas as informações do bairro, de seus moradores, fazendo com que suas vidas virem histórias registradas por eles mesmos.

Culminância:

Elaboração de painel simbolizando o domínio do homem sobre a natureza no bairro;
Chá literário com os livros e as composições dos alunos e da comunidade local com noite de autógrafo;
Exposição de todos os trabalhos produzidos durante o ano.


Recursos

Materiais: máquina fotográfica, Datashow, materiais de papelaria, computador, jornais e revistas, mural de exposição, fotografias, mapa do bairro e da cidade, receitas diversas produzidas pelos alunos com reaproveitamento de alimentos para o chá Literário, vídeos, sucatas e outros.

Humanos: profissional da área da saúde, política, educação, da comunidade em geral, alunos e familiar.

Avaliação: será pela observação do comportamento de cada um no processo e pelas mudanças possíveis no decorrer do desenvolvimento do projeto; se houve melhoria da participação de todos nas discussões dos problemas, divisão de responsabilidades na tomada de decisões, além do aprendizado com as ideias alheias, educando para o coletivo.



O projeto passará pela avaliação dos alunos, da escola e da família. 



Fonte:


Revista Nova escola – junho 1998 p. 17 - 24; junho 1999 p. 17 - 24; abril 2001 p.19 - 25, 28, 44 - 47.

FENG, Lee Yun. Projeto Educação do Campo: estratégias e alternativas no campo pedagógico.


http://revistaescola.abril.com.br

A Velha Lagoa

Para a última atividade da prova a distância de Ciências deveria encontrar uma imagem (fotografia, jornal ou revista) que possa comprovasse as agressões ambientais causadas pelo ser humano aqui em São Pedro da Aldeia e fazer uma rápida análise crítica, além de propor soluções para o problema. Para tal, deveria escrever uma lauda. Sendo assim segue após várias opções, a que mais causou prejuízo e indignação em todos os moradores.


P
                                                                        
ensei muito no que falar, visto serem tantas as agressões ambientais causadas pelo homem aqui onde moro. Não preciso sair do bairro para ver tamanha falta de respeito. São queimadas a todo instante, árvores cortadas e mortas por produtos químicos indiscriminadamente, esgoto a céu aberto produzindo doenças infecciosas e parasitológicas, além da enganação das autoridades de que o saneamento está sendo abrangido a toda população. Entretanto, a escolha pesou mais por esta imagem, pelo teor do fato ao provocar grave desequilíbrio no ecossistema.
Esta foto foi tirada em ‎2011, quando do aparecimento de grande mortandade de peixes em decorrência certamente da má utilização dos recursos da natureza e da poluição, acrescido do descontrole de políticas públicas de qualidade que vise não só o bem estar da população, mas também o desenvolvimento sustentável . 

Por essa agressão ninguém foi punido, quer dizer, foi sim, o povo. Pescadores ficaram sem sustento, a população sem o peixe e a natureza depredada. Ninguém foi responsabilizado e ficou por isso mesmo, como tudo a toda hora. Quem deveria cuidar alega que os dejetos não provocam mortes de peixes, que a natureza é que gerou aumento na quantidade de algas não tóxicas e que os peixes nem eram da Lagoa. Absurdamente tentam passar atestado de ignorância a uma população já cansada de ouvir histórias da carochinha. O povo teve que conviver com o mal cheiro, a imagem assustadora e a falta de providências para amenizar um quadro de anos de descaso. Manifestações tomaram seu lugar à frente dessa tragédia para que pusessem um olhar sobre o fato. Entretanto, passado o tempo, como era esperado caiu no esquecimento. Tudo o que todo político aposta! 

E qual é a solução para que a população da Região dos Lagos não passe por tamanho drama novamente?

Primeiramente, para a solução dessa  situação crítica, imperativo se gaste efetivamente, todo recurso financeiro enviado pela UNIÃO, na manutenção e recuperação da Lagoa. Para tal, são necessário transparência nos gastos públicos e controle social; um trabalho incansável de conscientização e educação ambiental a quem tira seu sustento da Lagoa e pode colaborar na fiscalização, manejo adequado, cuidados e agregação de valor ao pescado; tão importante quanto são os órgãos fiscalizadores do poder público que funcione; além do mais, é primordial, implementar programas educacionais que estimule a ética e cidadania, bem como o desenvolvimento sustentável. Tudo isso pode contribuir para gerar uma melhor qualidade de vida em torno da Lagoa de Araruama.